No dia 25 de maio de 1954, a delegação partiu, em vôo da PanAir, para a disputa da Copa do Mundo na Suíça. A estréia na primeira fase foi tranqüila. Mais uma vez o Brasil enfrentava o México, ao qual derrotou com facilidade por 5 a 0. O segundo adversário foi a Iugoslávia, no final, empate por 1 a 1.
Para definir os adversários da segunda fase foi realizado um sorteio na cidade de Berna, aconteceu o que todos temiam. Nossa adversária, no dia 27 de junho, seria a poderosa seleção húngara de Grocsis, Boszik, Kocsis e Czibor, sem o astro Puskas, que, se recuperando de uma contusão, não disputou a partida.
O Brasil entrou em campo muito tenso e com 10 minutos de jogo a Hungria já vencia por 2 a 0, no primeiro gol Pinheiro perdeu o equilíbrio e escorregou, a bola sobrou para Hidegkuti, que livre marcou o primeiro gol aos 4 minutos. Passados três minutos e veio o segundo, o ataque húngaro trocou passes e Kocsis lançado em posição duvidosa cebeceou encobrindo Castilho e marcando o segundo gol. O Brasil colocou os nervos no lugar começou a se arrumar em campo. Aos 18 minutos, Humberto Tozzi lançou Índio na área, o atacante foi derrubado po Lorant, Djalma Santos cobrou o pênalti diminuindo o placar para 2 a 1. O Brasil começou a pressionar equilibrando o jogo, mas o primeiro tempo terminou sem alterações no placar.
Veio a segunda etapa e ambas as seleções realizaram diversas jogadas de ataque sem, contudo, levar um perigo real para os goleiros. Até que, aos 15 minutos, numa disputa normal de jogo entre Pinheiro e Czibor o árbitro inglês, Arthur Ellis marcou pênalti. Lantos cobrou e aumentou para 3 a 1. Novamente o Brasil reagiu e Julinho diminuiu aos 20 minutos; logo em seguida, Didi acertou a trave do goleiro húngaro. Aos 26 minutos, Nílton Santos e Boszik trocaram socos e foram expulsos. Em seguida o Brasil perdeu duas oportunidades de empatar a partida com Julinho e Humberto Tozzi que acertou a trave húngara. Aos 42 minutos, novamente lançado em posição duvidosa, Kocsis fechou o placar em 4 a 2. Logo depois, Humberto Tozzi perdeu a cabeça e deu uma voadora em Buzánszky, sendo expulso.
Mal Arthur Ellis apitou o fim do jogo, uma verdadeira batalha começou. Puskas, que assistira ao embate das arquibancadas, desceu ao gramado e provocou Pinheiro na entrada do vestiário. O zagueiro canarinho, chegado num "fuzuê", revidou e todos os jogadores se envolveram na confusão. Maurinho deu uma cusparada em Lantos. Um policial que foi correndo apartar a briga, tomou uma rasteira do radialista brasileiro Paulo Planet Buarque e caiu estatelado no gramado. A polícia revidou e jornalistas e dirigentes acabaram se envolvendo numa confusão generalizada. O técnico Zezé Moreira viu um gringo de terno correndo em direção ao vestiário e não teve dúvidas; com as chuteiras que Didi trocara durante o jogo e estavam em suas mãos, atirou as mesmas no rosto do gringo. Posteriormente soube-se que o agredido era o ministro do Esporte da Hungria, Gustavo Sebes.
O árbitro brasileiro Mário Vianna, que já havia apitado uma partida na competição foi ao microfone de uma rádio para dizer que o árbitro inglês Arthur Ellis fazia parte de um complô comunista para classificar a Hungria.
Curiosidades
Jogos e gols
Em 26 partidas, foram marcados 140 gols, média de 5,38. O Mundial viu ainda o jogo com mais gols da história do torneio, a Áustria venceu a Suíça por 7 a 5. Os estádios receberam 943 mil espectadores, média de 36.269 torcedores por jogo.
Camisa nova
O Brasil usou pela primeira vez a hoje tradicional camisa amarela e calções azuis. O novo uniforme foi escolhido em concurso nacional vencido pelo publicitário gáucho, Aldyr Schlee. Até então, o uniforme principal da seleção utilizava camisas brancas. Depois da derrota em 1950, a CBD promoveu um concurso para trocar o uniforme e deixar o trauma para trás.
Perdidos na Suíça
Os jogadores da Coreia do Sul não falavam uma palavra em idiomas europeus e sempre se perdiam, sendo recolhidos ao hotel por policiais. No campo, também não se encontravam: tomaram nove gols da Hungria e sete da Turquia.
27/06/1954 (17.00)
BRASIL 2:4 HUNGRIA (1:2)
Competição: Copa do Mundo da FIFA.
Local: Wankdorf Stadion, Berna (Suíça). Público: 39.882 espectadores.
Árbitro: Arthur Edward Ellis (Inglaterra). Assistentes: William Ling (Inglaterra), Paul Raymond Wyssling (Suíça).
Expulsão: Bozsik e Nílton Santos, aos 71; Humberto Tozzi, aos 89.
Gols: Hidegkuti, aos 4; Kocsis (cabeça), aos 7; Djalma Santos (pênalti), aos 18; Lantos (pênalti), aos 53; Julinho, aos 65; Kocsis (cabeça), aos 88.
BRASIL: Castilho, Djalma Santos, Nílton Santos e Brandãozinho; Pinheiro e Bauer; Julinho, Didi, Índio, Humberto Tozzi, Maurinho. Treinador: Alfredo Moreira Júnior “Zezé Moreira”.
HUNGRIA: Grosics; Buzánszky, Lantos e Bozsik; Lóránt; Zakárias; Joszef Tóth; Kocsis, Hidegkuti, Czibor e Mihaly Tóth. Treinador: Gyula Mándi.