Julinho: da vaia à consagração pela torcida

Julinho: da vaia à consagração pela torcida

Ponta-direita foi hostilizado quando o locutor do Maracanã anunciou seu nome no lugar de Garrincha. Marcou logo um gol e vaia intensa virou aplauso

Brandãozinho, Julinho e Djalma Santos, jogadores da Portuguesa de Desportos que disputaram a Copa do Mundo de 1954

Brandãozinho, Julinho e Djalma Santos, jogadores da Portuguesa de Desportos que disputaram a Copa do Mundo de 1954

Créditos: Arquivo Nacional

O Brasil tinha sido campeão mundial no ano anterior, e o mundo do futebol fora apresentado a dois gênios: Garrincha e Pelé. Em 1959, a Seleção Brasileira passou a ser uma grande atração e realizou um amistoso contra a Inglaterra no dia 13 de maio, no Maracanã.

Garrincha, claro, era um dos destaques da Seleção. Por isso, quando o serviço de som do Maracanã, momentos antes do jogo, como era o protocolo, anunciou a escalação do time, houve uma grande frustração em forma de silêncio quando o locutor chegou ao número 7:

- Número 7: Julinho!

Passados os segundos de surpresa, a decepção deu voz em forma de vaia a mais de 117 mil torcedores, em uma das maiores demonstrações de hostilidade já vistas no Maracanã. A vaia que vinha de todos os cantos do estádio durou alguns minutos.

O Brasil entrou em campo ainda debaixo de vaia - logicamente, endereçada a Julinho. Na primeira bola que pegou, foi novamente hostilizado. Mas Julinho era um ponta espetacular. Destacou-se na Portuguesa de Desportos, foi titular na Copa do Mundo de 1954, brilhou no Palmeiras e só não fez parte do grupo campeão do mundo em 1958, na Suécia, porque ele pediu para não ser convocado - como jogava à época na Fiorentina, da Itália, não achava justo tirar o lugar de um jogador que atuava no futebol brasileiro.

Craque e bom caráter, portanto, Julinho não se perturbou com a vaia e respondeu à altura. Logo aos sete minutos, no seu segundo lance, marcou um belo gol e abriu o placar para o Brasil. O torcedor reconheceu o seu imenso erro e reagiu como deveria: passou a gritar o nome de Julinho, em uníssono.

O ponta continuou jogando bem e sendo um dos melhores do time. Aos 32 minutos, em bela jogada, foi à linha de fundo e cruzou para Henrique, à época centroavante do Flamengo, fazer o segundo gol, o que deu a vitória do Brasil sobre os ingleses por 2 a 0.

O jogo entrou para a história. Foi aquele em que Julinho entrou vaiado no Maracanã e saiu consagrado pelo torcedor. Merecidamente.

BRASIL: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando (Formiga) e Nílton Santos: Dino Sani e Didi; Julinho, Henrique, Pelé e Canhoteiro. Técnico: Vicente Feola.

 

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