50 anos do Tri: Com cinco décadas de cobertura, Osires Nadal relembra 1970: 'Paraná abraçou o Tri'

50 anos do Tri: Com cinco décadas de cobertura, Osires Nadal relembra 1970: 'Paraná abraçou o Tri'

Radialista paranaense foi ao gramado do Azteca após a vitória sobre a Itália e dá detalhes sobre volta olímpica ao lado de Jairzinho, Pelé, Tostão e companhia

jairzinho Osires Nadal, de óculos e bandeira na mão, perto de Jairzinho durante a volta olímpica da Seleção no Azteca
Créditos: FIFA

A série "50 anos do Tri" relembra, em crônicas e reportagens, a conquista da Copa do Mundo de 1970 pela Seleção Brasileira. Serão várias publicações ao longo do mês de junho, que marca o aniversário do terceiro título mundial do Brasil.

"O Paraná te abraça!" Quem ouve jogos da Seleção Brasileira pelo rádio certamente já deve ter escutado esta expressão. É o grande bordão do radialista Osires Nadal. Paranaense de Ponta Grossa, ele acompanha a Seleção Brasileira há mais de cinco décadas e é o único que segue a Canarinho até hoje. No ano de 1970, o profissional viajou pela primeira vez para cobrir a equipe de perto. Uma foto da comemoração do tricampeonato brasileiro (exibida acima) mostra que ele, realmente, estava bem próximo dos jogadores. 

Com uma bandeira na mão e ao lado do atacante Jairzinho, que vinha sendo carregado nos ombros, no gramado do Estádio Azteca. Assim estava Osires Nadal há exatos 50 anos. O radialista acompanhava o jogo das tribunas de imprensa e a ida ao campo não era programada. Em entrevista ao site da CBF, ele conta como tudo aconteceu.  

– Invadimos o campo e a Polícia mexicana nem ligou, pois também queria ver o jogo. Entramos eu, alguns brasileiros e milhares de mexicanos. Nós saímos dando a hipotética volta olímpica, corremos um bom pedaço do campo com o Pelé. E depois veio essa cena com o Jairzinho. Foi um lance de sorte, não foi nada programado, nada previsto. Ficamos ali até o Carlos Alberto receber a Taça. Eu tenho muita alegria, porque a Jules Rimet passou diante dos meus olhos. Vinte e quatro anos depois, eu estava três degraus acima de onde estavam Dunga e Romário e também vi este troféu de perto. Foram momentos que Deus me deu e eu o agradeço muito por isso – declarou. 

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Osires Nadal entrevista Mario Zagallo durante a Copa do Mundo Osires Nadal entrevista o técnico Zagallo durante a Copa do Mundo 1970 no México
Créditos: Acervo pessoal

Osires Nadal começou a trabalhar como radialista na adolescência, aos 14 anos. O primeiro contato com a Seleção foi três anos mais tarde, no Mundial de 1962, mas ainda de longe, através do sinal que chegava pelas ondas do rádio. Apesar da vontade, o paranaense não tem grandes pretensões para ir ao México oito anos depois. Só que o destino reservava uma grande surpresa para ele. 

– Em 1962, quando o Brasil começou a ganhar naquele momento com o Pelé lesionado, nós fomos às ruas da cidade fazer entrevistas. E a partir dessa conquista, a admiração pelo Brasil foi crescendo e eu fui me firmando como homem de comunicação. Então, em 1970 surgiu a oportunidade de ir ao México. Eu tinha um programa de rádio e apareceu uma agência de turismo de Porto Alegre. O representante foi na lá, pediu uma entrevista e eu concedi. Ele disse: ‘Eu preciso vender passagens aqui, se você vender dez pacotes (para a Copa do México), você ganha um’. Eu respondi: ‘Você está brincando’. Aí eu vendi 15 pacotes e ganhei o meu, com passagens aéreas e hospedagem paga. Não tinha como fazer transmissão dos jogos para a minha rádio na época, mas acertei que faria boletins. No México, eu ia nos bastidores da Seleção e entrevistava os jogadores. Gravava com eles, ia para o hotel e pedia uma ligação para o Brasil, que demorava um pavor. E depois eu soltava as entrevistas. Foi mais ou menos assim que tudo aconteceu há 50 anos – acrescentou. 

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De 1970 para cá, com exceção da Copa de 1974, Osires Nadal esteve em todas as grandes competições disputadas pela Seleção ao redor do planeta e deixou de ir a pouquíssimos jogos. O jornalista diz que se sente um privilegiado por isso e destaca alguns dos países que passou e competições que cobriu. 

– Eu tenho a impressão de que (já conheci) a América do Sul inteira. Nós viajamos muito com a Seleção Brasileira. Japão, Coréia, Noruega, Islândia, Finlândia... Fiz Copa América, amistosos, Eliminatórias da Copa e Copas do Mundo. Tenho participado, graças a Deus, de quase todos. Um ou outro eu não fui por conta da minha saúde. Mas sempre me faço presente. Recentemente conheci a Arábia também. O legal é ter essa convivência, essa amizade, respeito, em que você abraça o Tite como se fosse um menino que nasceu aqui no Paraná. E o respeito que a gente dá para eles, e recebe deles. Por isso aquela frase ‘o Paraná te abraça’ ficou consagrada no nosso meio. São as amizades que ficam – afirmou.

Osires Nadal e o técnico Tite, da Seleção Brasileira Osires Nadal ao lado do técnico Tite. Jornalista segue a Seleção há 50 anos
Créditos: Acervo pessoal

Com a experiência de quem já esteve em mais dez Copas do Mundo, Osires segue com apetite para ver a história sendo escrita de perto e poder ajudar a contá-la para os brasileiros. Sonhando com a participação em mais uma volta olímpica, o paranaense torce para que a próxima seja com um final feliz para Canarinho, é claro.

– O Paraná abraçou o Tri, o Tetra e o Penta (risos). E em 2022 vamos estar lá no Catar também. Vamos abraçar o hexa, se Deus quiser! – finalizou. 

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