Raízes da Seleção: Filho de professora e bom aluno, Marquinhos levou disciplina para dentro de campo

Raízes da Seleção: Filho de professora e bom aluno, Marquinhos levou disciplina para dentro de campo

Zagueiro descobriu tardiamente seu futuro no futebol e aproveitou a base que construiu nas salas de aula

Série especial conta história dos jogadores da Seleção Brasileira Série especial conta história dos jogadores da Seleção Brasileira
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Marquinhos é o tipo de zagueiro que todo técnico quer ter. Sóbrio e disciplinado, o defensor surpreende pela maturidade que apresenta do alto de seus 25 anos recém completados. Quem não conhece pode até se surpreender, mas a verdade é que esses traços acompanham Marquinhos desde quando ele não sonhava em ser um jogador de futebol. A educação veio de casa, se estendeu para as salas de aula e o acompanhou até o campo.

Filho de professora, Marquinhos estudou em uma escola particular da Zona Norte de São Paulo. A família não tinha condições de pagar a mensalidade, e o jovem tinha uma bolsa por causa da mãe. Quando ela foi demitida da escola, o futebol apareceu como uma alternativa para a vida dele.

- Quando minha mãe foi demitida, perdi a bolsa. Eu estava no sub-14 do Corinthians, conversei com a assistente social do clube e expliquei a minha situação. Ela arrumou uma vaga em uma escola boa, particular, da Zona Leste de São Paulo. A bolsa estava condicionada a participações em competições pelo colégio. Consegui por causa do futebol - lembrou.

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Apesar da boa relação com sua família, Marquinhos viveu momentos de incerteza, principalmente nessa época. O zagueiro admite que, quando passou a ficar e estudar na Zona Leste de São Paulo, pisou na bola. Mas foi uma vez para nunca mais.

- Eu era um bom aluno. Tive uma época, na mudança de escola, mais afastado da minha área, da minha família. Acabei morando um pouco fora. Tive um deslize, mas minha mãe me chamou na chincha, disse que se eu tirasse nota ruim, se ficasse em recuperação, teria que parar de jogar bola. Bastou isso e eu comecei a me dedicar.

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O esforço para estudar era tão grande que Marquinhos chegou a pôr em risco a própria saúde. Muitas vezes, para não faltar a última aula do dia, o jovem abria mão de seu almoço para chegar a tempo de treinar.

- Às vezes, eu perdia a condução, que saía logo depois do fim da aula. Então eu precisava sair correndo para o treino, não tinha tempo para almoçar. Comprava uma bolacha com refrigerante, para conseguir comer no metrô enquanto ia para Itaquera.

 

"O futebol é a nossa maior paixão. É o sonho da maioria dos meninos e meninas do nosso país"

 

A paixão pelo futebol sempre existiu. Desde pequeno, quase todas as brincadeiras de Marquinhos na rua envolviam uma bola. Golzinho, três dentro três fora, rolinho-porrada, tudo era motivo para sair chutando uma bola por aí. Mas ser jogador mesmo esteve fora de cogitação por muito tempo.

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Ele não era o melhor de sua turma no colégio. Nem mesmo na família ele se destacava tanto. Quem tinha pinta de craque mesmo era o seu irmão, como muitos diziam. Mas com o passar do tempo, o zagueiro foi começando a entender as próprias qualidades. Levou a disciplina de fora para dentro do campo. Aprendeu a atuar como zagueiro, lateral, volante.

Hoje na Seleção Brasileira, Marquinhos reconhece a importância da família para chegar até aqui. É ela quem dá equilíbrio e maturidade para o zagueiro nos momentos mais importantes. Muito por conta disso, o zagueiro sabe o tamanho do fardo que carrega. O número de sonhos que representa e o peso da camisa que veste. E é justamente por isso que ele quer aproveitar ao máximo a oportunidade que tem nesta Copa América.

- O futebol é a nossa maior paixão. É o sonho da maioria dos meninos e meninas do nosso país. Temos muitos craques, muitos talentos. São tantas coisas que dificultam estar aqui. Queremos deixar tudo que podemos dentro de campo. Deixar nossa alma, nosso suor. Para que o povo brasileiro tenha essa confiança em nós e retribua essa energia - finalizou.

Retratos Marquinhos Marquinhos ganhou nova oportunidade de estudar por causa do futebol
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

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