A Copa de 1970 pelo fotógrafo Sebastião Marinho

A Copa de 1970 pelo fotógrafo Sebastião Marinho

Contratado pela Revista Placar para cobrir a Copa há 50 anos conta como foi acompanhar a Seleção Brasileira no México

Sebastião Marinho cobriu a Copa do Mundo de 1970 pela Revista Placar Sebastião Marinho cobriu a Copa do Mundo de 1970 pela Revista Placar
Créditos: Arquivo pessoal

Era sábado à noite e Sebastião Marinho embarcava para a sua primeira Copa do Mundo. Saindo de São Paulo com uma grande equipe de outros jornalistas, o fotógrafo desembarcou em Cidade do México e, em seguida, foi para Guadalajara, hospedando-se no mesmo hotel que a delegação brasileira. Cinquenta anos depois, ele conta como foi fazer parte de toda aquela glória alcançada pela Seleção Brasileira em 1970 e revela diversas histórias de bastidores em entrevista ao site da CBF.

- Eles (jogadores) ficavam nos andares de cima e nós nos de baixo, mas nós nos encontrávamos toda hora... Era muito tranquilo trabalhar com aquela Seleção, nós conversávamos e fazíamos fotos em todos os lugares, até na piscina! - recorda.

Fotos da Copa do Mundo de 70 do fotógrafo Sebastião Marinho Sebastião Marinho compartilhou algumas de suas fotos de acervo com o site da CBF
Créditos: Sebastião Marinho

Este foi o primeiro trabalho de Sebastião Marinho para a recém criada revista Placar no Brasil. Com a experiência de quem tinha viajado por 13 países para cobrir as Eliminatórias pelo jornal O Globo, Sebastião teve que botar em prática tudo o que sabia em um desafio que a profissão não enfrenta mais nos dias de hoje.

- Levei muitos filmes daqui, não lembro quantos. Lembro-me de ter levado duas câmeras e umas três ou quatro lentes. O grande desafio era enviar essas fotos para o Brasil. Corríamos para enviar os filmes no voo da madrugada. Entregávamos nas mãos do comandante do voo que ia para o Brasil e passávamos o nome dele ao pessoal da redação para buscarem no aeroporto pela manhã - acrescenta.

Fotos da Copa do Mundo de 70 do fotógrafo Sebastião Marinho Time de 1970 comemora um dos 19 gols marcados na Copa do Mundo do México
Créditos: Sebastião Marinho

Os jornalistas acompanhavam de perto todos os passos da Canarinho, inclusive os treinos diários e os jogos amistosos. Em um desses jogos, a bomba da perna esquerda de Rivellino, conhecida como Patada Atômica, gerou um lance inusitado. Sebastião lembra como aconteceu. 

- Aconteceu uma falta perto da área e ninguém ficou na barreira. O Rivellino pegou a bola para bater e não perdoou: chutou com toda aquela força que ele tinha. A bola acertou em cheio o goleiro e deslocou a clavícula dele! - disse o fotógrafo, que percebeu, no mesmo jogo, o carinho do povo mexicano por Pelé e como isso o ajudou:  

- Eram muitas crianças. Todas elas gritavam enlouquecidas pelo Pelé. Elas subiam nas grades para chegar o mais perto possível do Rei. A Placar produziu moedas comemorativas com o rosto do Pelé. Passei a andava com os bolsos cheios daquelas moedas e presenteava muitos mexicanos que nos tratavam muito bem. Confesso que paramos os nossos carros em lugares proibidos e pagávamos os guardas com moedas... Facilitou muito a nossa vida por lá - revela.

Fotos da Copa do Mundo de 70 do fotógrafo Sebastião Marinho Rei Pelé em ação no jogo contra o Peru, pelas quartas de final da Copa do Mundo de 1970
Créditos: Sebastião Marinho

Mesmo estando no México a trabalho, os profissionais de imprensa não deixavam de lado o amor pela Seleção e a comemoração após as partidas se tornaram rotineiras. Sebastião lembra com carinho de todas os bons momentos proporcionados pelas vitórias da Canarinho. 

- Após os jogos nós terminávamos o trabalho e saíamos para comemorar. Encontrávamos com os Mariachis para beber cerveja e comemorar mais uma vitória do Brasil e, claro, a nossa permanência para mais uma etapa da Copa do Mundo. No dia da final contra a Itália não foi diferente. Fomos todos para o hotel comemorar o título e, no dia seguinte pela manhã, todo mundo estava dormindo no chão! - recorda.

Fotos da Copa do Mundo de 70 do fotógrafo Sebastião Marinho Jairzinho no momento do chute do gol contra a Inglaterra, um dos duelos mais difíceis daquela Copa
Créditos: Sebastião Marinho

O último jogo da Copa foi o mais marcante para todos. Sebastião Marinho guarda na memória os momentos finais e a comemoração dentro do campo do Azteca.

- Entrou muita gente no campo. Os torcedores correram para abraçar os jogadores da Seleção e pegar tudo que dava para guardar de recordação. O Tostão ficou só de sunga! Eu mesmo peguei uma chuteira do Rivellino e tenho guardada até hoje. O sombreiro que o Pelé usou após o jogo era meu e ainda está aqui em casa! Foi inexplicável a sensação de ver e fotografar de perto todos aqueles craques que acompanhei desde as Eliminatórias. Eram muitos craques! O Zagallo conseguiu uma Seleção com 5 camisas 10... dois 'canhotinhos'... Até hoje é uma glória para mim. Saí de lá vibrando e me considero um campeão do mundo como aqueles jogadores. Sinto muito orgulho de ter estado la, aonde todos os outros fotógrafos brasileiros da época gostariam de estar - finalizou.

Fotos da Copa do Mundo de 70 do fotógrafo Sebastião Marinho Pelé e Tostão, o Rei e o Vice-Rei, comemoram gol na Copa do Mundo de 1970
Créditos: Sebastião Marinho

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