50 anos do Tri: Tim Vickery relembra duelo entre Brasil e Inglaterra

50 anos do Tri: Tim Vickery relembra duelo entre Brasil e Inglaterra

Em entrevista ao site da CBF, jornalista inglês apontou contexto de insegurança que rondava as duas seleções antes do confronto na primeira fase

O inglês Tim Vickery, correspondente de futebol sul-americano da BBC O inglês Tim Vickery, correspondente de futebol sul-americano da BBC
Créditos: Divulgação

A série "50 anos do Tri" relembra, em crônicas e reportagens, a conquista da Copa do Mundo de 1970 pela Seleção Brasileira. Serão várias publicações ao longo do mês de junho, que marca o aniversário do terceiro título mundial do Brasil.

Ao fim da partida entre Brasil e Inglaterra pela Copa do Mundo de 1970, Bobby Moore e Pelé se cumprimentaram no gramado do Estádio Jalisco. Cientes do grande espetáculo que as duas seleções acabavam de apresentar, os craques trocaram camisas e, sorrindo, se abraçaram. A cena ganhou os jornais do mundo todo e, para o inglês Tim Vickery, representa bastante o que foi aquele confronto.

- Para mim, a grande graça daquele jogo é que cada time ganhou o respeito do outro time. Aquela foto no final de Bobby Moore e Pelé juntos é uma das melhores imagens da história do futebol, para mostrar como ele serve para costurar amizades entre os povos - descreveu.

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Correspondente de futebol sul-americano para a BBC, o jornalista tinha apenas cinco anos de idade quando o jogo ocorreu. Mas durante sua carreira, o duelo foi tema de pesquisas, entrevistas e reportagens. Convidado a dar o seu ponto de vista sobre a partida ao site da CBF, Vickery lembrou do contexto que cercava a partida: o de duas equipes procurando se afirmar na Copa do Mundo, mesmo que fossem os dois últimos campeões.

- O time da Inglaterra era muito bom, mas chegou sem credibilidade, especialmente na América Latina. Então, foi um jogo em que a Seleção Inglesa, para mostrar que era uma campeã digna, teve que mostrar alguma coisa. É um pouco parecido com o Brasil, depois do fracasso de 1966.  Será que a geração de 1970 iria recuperar o brilho da geração de 1958 e 1962? Não se sabia. Os dois times foram para campo precisando mostrar um para o outro que realmente eram bons times. Foi um grande jogo por causa desses motivos. Os dois times foram para o campo um precisando ganhar o respeito do outro - analisou.

Na visão de Tim Vickery, a vitória na Copa do Mundo de 1966 não foi encarada por todos os países com o mesmo prestígio. Mas os ingleses chegaram ao México com uma equipe ainda mais fortalecida. Alguns dos jovens talentos de 66 estavam, agora, no ápice da forma física. O esquema tático de Alf Ramsey estava mais maduro. Um ano antes, as duas equipes haviam se enfrentado e o Brasil ganhara por 2 a 1, no apagar das luzes. Todos esses fatores apontavam para uma Inglaterra bem confiante diante da Seleção Brasileira. E isso foi o que se viu em campo.

- A Inglaterra jogou o Brasil para dentro da área durante grande parte do jogo. Taticamente, o time era bom, os jogadores da ala eram bons. Atletas que em 1966 já eram consolidados como grandes jogadores estavam ainda melhores, como Martin Peters e Alan Mullery que fez a marcação em cima de Pelé. Em vários sentidos, o time era melhor do que quatro anos antes. Só havia um fator pior: Bobby Charlton. Aquele 4-4-2 foi um sistema feito sob medida para ele,  só que em 1970 ele já estava com 32 anos, saindo da seleção - lembrou.

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No duelo contra o Brasil, quem brilhou foi outro ídolo da conquista de 1966: Bobby Moore. Não foi à toa que o astro foi celebrado até mesmo por Pelé ao fim da partida, no momento da troca de camisas. O defensor levantou a torcida mexicana com seus desarmes fabulosos e a qualidade na saída de jogo. Até hoje, um lance protagonizado por Moore é lembrado pelos ingleses. Jairzinho avançava a toda velocidade pela direita e o zagueiro, com toda a classe que lhe era característica, apenas esticou a perna para limpar o lance e sair jogando.

- Isso é um pouco do Bobby Moore. Quanto melhor o adversário, melhor ele joga. Ele era um pouco assim. Naquele jogo, deu aula de como defender. Ainda hoje, na Inglaterra, o desarme que ele fez no Jairzinho é muito lembrado. Porque Jairzinho era um fenômeno, era extraordinário. Nesse lance, o Jairzinho vem que nem um trem e tempo dele foi espetacular. Além disso, Bobby Moore era construtivo. Com a bola nos pés, ele iniciava as jogadas - destacou Tim.

Muito por conta da qualidade das duas equipes, a partida era encarada como a prévia de uma possível final. No mesmo grupo, Brasil e Inglaterra seriam jogados para lados diferentes do chaveamento e poderiam se reencontrar na decisão. Os ingleses, no entanto, foram eliminados pela Alemanha Ocidental nas quartas de final. E o Brasil, com o caminho livre dos ingleses, seguiu rumo ao tricampeonato do mundo:

- Era um papo entre os jogadores:"vamos nos ver de novo na final". A Inglaterra perdeu as quartas contra a Alemanha em um jogo que, jogando dez vezes, ganharia nove. É uma pena, porque eu acho que uma final entre Brasil e Inglaterra teria sido muito melhor do que a final contra a Itália, embora eu ache que o Brasil ganharia do mesmo jeito.

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Créditos: FA

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