50 anos do Tri: O mexicano que se apaixonou pela Seleção Brasileira anos antes da Copa de 70

50 anos do Tri: O mexicano que se apaixonou pela Seleção Brasileira anos antes da Copa de 70

Antes mesmo de acompanhar a Amarelinha no Mundial do México, Mario Velarde já era fã de craques como Pelé, Nilton Santos, Gérson e Jairzinho

50 anos do Tri: O mexicano que se apaixonou pela Seleção Brasileira anos antes da Copa de 70 Créditos: Acervo pessoal

A série "50 anos do Tri" relembra, em crônicas e reportagens, a conquista da Copa do Mundo de 1970 pela Seleção Brasileira. Serão várias publicações ao longo do mês de junho, que marca o aniversário do terceiro título mundial do Brasil.

Quando o juiz apitou o final da partida entre Brasil e Itália, pela final da Copa do Mundo de 1970, Mario Velarde pulou. Em êxtase, o comissário de bordo era mais um entre os mexicanos que torceram pela Seleção Brasileira naquele Mundial. Mas, pelo menos no caso dele, essa foi uma relação que começou bem antes da Copa.

Pelé já era um ídolo popular no México quando chegou para a disputa do Mundial. No início da década de 1960, as equipes brasileiras viajavam ao país para competir em torneios de verão. Lá, enfrentavam combinados locais, equipes mexicanas e até mesmo seleções nacionais. Foi assim que Mario conheceu o futebol brasileiro:

Meu pai me levava nos torneios quadrangulares para ver as equipes sul-americanas e europeias. Vinham os tradicionais times brasileiros, como Botafogo, Santos, Palmeiras, Flamengo, que conquistaram títulos e fãs. É uma relação que se desenvolveu entre México e Brasil.

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Aos 73 anos de idade, Mario guarda até hoje algumas das recordações mais importantes daquela época. Quando o México recebia os times brasileiros para esses torneios de verão, sua presença era garantida, bem como a aquisição de lembranças como revistas, livros e flâmulas das equipes participantes.

Um dos itens mais preciosos de sua coleção é justamente uma flâmula do Santos, em homenagem a Pelé. Mario conta com orgulho que conseguiu uma flâmula assinada por Pelé, que já era idolatrado por ele anos antes da conquista do tricampeonato mundial.

- A bandeira de Pelé está autografada com seu nome. Ele era meu jogador preferido. Pelé é a figura máxima da história do futebol. Eu o vi de perto, em 61 com o Santos. Tive a sorte de vê-lo jogar no estádio. Não só Pelé, como Garincha, Vavá, Coutinho, Zagallo, Amarildo, Pepe, Djalma Santos, Gérson e tantos outros - recordou.

A flâmula com o autógrafo de Pelé, item especial da coleção de Mario
Créditos: Acervo pessoal

Apesar de ser um apaixonado pelo futebol brasileiro, o mexicano não conseguiu estar em nenhuma partida do Brasil na Copa do Mundo. Morador da Cidade do México, acompanhou a campanha da Seleção pela televisão, já que os cinco primeiros jogos foram disputados no Estádio Jalisco, em Guadalajara.

Durante a Copa, esteve em dois jogos da fase de grupos na capital. Da Seleção Brasileira, guarda os momentos felizes e uma réplica da Jules Rimet que comprou na época. Afinal, apenas a decisão foi no Azteca, na Cidade do México, mas os ingressos estavam tão caros que ele não pôde garantir seu lugar.

Era uma equipe sensacional, extraordinária em todos os aspectos. A maneira como faziam o jogo bonito, a harmonia que tinha entre as linhas, em toda a confecção da equipe. A habilidade dos jogadores, o jeito como eles se entendiam dentro de campo, linha por linha - descreveu.

O ingresso de uma partida do Botafogo no Estádio Azteca, em 1965
Créditos: Acervo pessoal

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A lembrança mais forte que Mário carrega daquela Copa do Mundo é justamente da decisão contra a Itália. No dia 21 de junho de 1970, os povos de México e Brasil estiveram lado a lado na torcida pela Amarelinha. O resultado disso só poderia ser uma festa sem fim.

- A final entre Brasil e Itália, definitivamente, me marcou muito. Me lembro muito do gol de Pelé, ele saltando como uma catapulta por cima do marcador. E o quarto gol, em que ele dá o passe para Carlos Alberto, que fez um grande golaço. Quando acabou o jogo, muita gente foi às ruas, foi como se fosse um triunfo nacional, foi uma festa que durou a noite inteira. O ambiente era sensacional, era quase como se fosse um Carnaval. Em todo o território, torcemos e festejamos muito - contou.

A relação entre Brasil e México durou muito mais do que os 20 dias da Copa do Mundo de 1970. Quando a Seleção voltou ao país, para disputar o Mundial de 1986, novamente foi abraçada pela torcida local. E desde a época em que Pelé e Garrincha visitavam o México, a nação se mostrou aberta a receber jogadores brasileiros.

É mais do que torcida, do que o encanto do futebol. É representatividade. Porque de alguma forma, os povos de Brasil e México se veem um no outro. Na pluralidade, no calor humano, na maneira como encaram a vida.

É uma relação fabulosa. Não há um jogador brasileiro que chega ao México e seja descartado. Essa relação México-Brasil sempre se deu com muita fraternidade, amizade e companheirismo. Há uma infinidade de jogadores brasileiros que aqui ficam. A relação vai a todos os sentidos. É social, política. Nós nos vimos em campo. É uma identificação que tem como a raiz esses torneios anteriores, mas sempre tivemos mais afinidade com as equipes brasileiras. Quando chegou o Mundial, estávamos identificados com os brasileiros. Por isso, o apoio. Vi a final pela televisão, mas eu e o estádio inteiro estávamos com o Brasil - concluiu.

Parte da coleção de flâmulas e lembranças de Mario Velarde
Créditos: Acervo pessoal

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