50 anos do Tri: Duas décadas depois do Maracanazo, Brasil supera o Uruguai

50 anos do Tri: Duas décadas depois do Maracanazo, Brasil supera o Uruguai

Trauma da derrota em 1950 rondou o grupo da Seleção Brasileira, que despachou o Uruguai nas semifinais do Mundial disputado 20 anos depois

Brasil x Uruguai - Copa do Mundo 1970 Brasil x Uruguai - Copa do Mundo 1970
Créditos: Acervo CBF

A série "50 anos do Tri" relembra, em crônicas e reportagens, a conquista da Copa do Mundo de 1970 pela Seleção Brasileira. Serão várias publicações ao longo do mês de junho, que marca o aniversário do terceiro título mundial do Brasil.

A maioria dos jogadores da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970 nem se lembrava, mas enfrentar o Uruguai arrepiou a espinha de muita gente no Brasil. Apesar dos dois títulos mundiais, o torcedor brasileiro ainda carregava o Maracanazo na memória. A semifinal daquela Copa poderia ser um acerto de contas com os algozes de 50, que derrotaram o Brasil na decisão do Mundial em pleno Maracanã.

O clima de revanche foi muito mais trazido pela imprensa e pelos torcedores do que pelos próprios atletas. Não havia remanescentes em nenhum dos dois times. Na verdade, alguns jogadores não eram nem nascidos em 1950. Mas a cada entrevista, a cada contato com a torcida na rua, vinham as perguntas. É uma revanche? Significa mais do que a vaga?

A verdade é que a derrota de 1950 estava mais viva na cabeça do técnico Zagallo. Bicampeão como jogador em 1958 e 1962, o Velho Lobo ainda estava no juvenil do Flamengo no ano da Copa do Mundo do Brasil. Como soldado, servia no quartel da Polícia do Exército, na Tijuca, e foi escolhido para fazer o policiamento da arquibancada durante a final. De lá, viu a vitória dos uruguaios e a tristeza do povo brasileiro.

No livro Dossiê 50, de Geneton Moraes Neto, Zagallo deu um emotivo discurso sobre aquele dia:

"Vi o Maracanã em lágrimas pela primeira vez. A alegria que contagiou a torcida nos jogos anteriores e no primeiro tempo de Brasil x Uruguai desapareceu. Quando o Brasil sofreu o gol de Ghiggia, baixou um desânimo, baixou um silêncio sobre o estádio. O Maracanã se transformou, então, no maior túmulo do mundo".

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É evidente que para ele, portanto, aquele jogo era mais do que uma partida comandando a Seleção Brasileira. Como era para outros milhões de brasileiros. Só que a Seleção pareceu transformar essa gana em nervosismo. Ao menos no começo do jogo. O Brasil não teve uma boa exibição na primeira etapa contra o Uruguai.

A Celeste saiu na frente e a Seleção Brasileira conseguiu buscar o empate ainda no primeiro tempo. No intervalo, os jogadores encontraram Zagallo irritado. E pronto para mudar de uma vez por todas a história entre Brasil e Uruguai. Autor do gol de empate, Clodoaldo lembra muito bem da cena no vestiário do Jalisco.

- A fala do Zagallo para nós foi muito emotiva. Ele nos fez acordar. Disse que estávamos respeitando muito o Uruguai, que estávamos com medo. E reforçou que 1950 tinha ficado pra trás e que era uma nova história. Aí o time voltou comendo a bola. Tivemos uma excelente atuação no segundo tempo. Voltamos bem, praticando o jogo que a gente vinha fazendo desde o início da Copa. Fizemos o segundo, o terceiro e tivemos perto até de mais gols. Tudo isso sem correr risco. O Brasil, realmente, voltou uma outra equipe - recordou.

Na segunda etapa, com gols de Jairzinho e Rivellino, o Brasil construiu uma vitória categórica, garantindo a classificação para a final da Copa do Mundo. Não dá para dizer que o Maracanazo havia sido vingado. Ou então que o fantasma não existia mais. Mas aquela vitória tirou um peso das costas de toda uma geração. O Brasil, finalmente, enfrentara seus próprios traumas. E os venceu jogando bola.

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