Em 2008, tive a oportunidade de jogar minha primeira Olimpíada. Foi sensacional. Era tudo muito novo. Uma sensação totalmente única, que só o atleta que está nesse momento sabe explicar. Ou tenta explicar, né? Esportivamente, é uma competição de grande porte, em que você nunca sabe o que vai acontecer lá na frente.
Eu estava entre as 18 convocadas, mas cheguei a Pequim como reserva. Durante a competição, assumi a titularidade e chegamos na final. Foi tão incrível, que se eu parar e fechar os olhos, consigo reviver tudo aquilo novamente. O bom de tudo é que eu estava bem preparada. Porque, pela pouca idade que eu tinha, em uma competição tão importante, eu talvez não fosse aguentar. Afinal, eu tinha só alguns anos de Seleção. Mas eu estava bem treinada e já teria sido uma honra poder assumir a titularidade por só um jogo. Mas me firmei pela competição inteira e chegamos à final.
No primeiro jogo, a goleira titular sentiu a panturrilha. O treinador trocou durante o jogo, e eu assumi na segunda partida, e pude fazer os cinco jogos seguintes. Apesar da recuperação da Andreia, a minha atuação fez com que eu continuasse e fosse até o fim. Foi diferente em 2012. Senti que não estávamos tão preparadas quanto em 2008. Infelizmente, não joguei nenhuma partida.
Mesmo em 2008, eu já tinha três anos de Seleção, disputei muitas competições antes das Olimpíadas. Eu acho sensacional a chance de jogar no Rio em minha terceira Olimpíada. Vejo algumas atletas novas, algumas que estão iniciando seu caminho na Seleção, e tento passar tudo que sei para elas. A Andressinha, por exemplo, mesmo nova, já tem uma bagagem incrível. Então é bacana que ela tenta trazer informações para nós também. Mas estamos a todo momento conversando com elas. Eu, a Formiga, a Marta, a Fabiana, tentando passar a tranquilidade, a atitude que nós precisamos ter. São histórias sobre 2008, 2012, a Formiga com histórias sobre Sidney, Atlanta. Tudo para que elas saibam a responsabilidade que têm e para que não sintam nada em campo.
Nesse aspecto, a criação da Seleção Permanente foi perfeita. Nós passamos muito tempo juntas, e isso nos ajudou. E se você olhar para trás, a diferença de 2008 para 2016 é enorme. Primeiro, a Seleção Permanente fez com que estivéssemos juntas, com o mesmo grupo o tempo inteiro. Toda modificação de comissão técnica muda muita coisa e essa comissão tem nos ajudado bastante. Vejo muita evolução de 2008 a 2016, e também conseguimos respostas positivas de 2012 para cá. E é algo que tem dado certo dentro de campo. Temos vencido os campeonatos, então temos que tentar continuar com isso. Fomos infelizes na Copa do Mundo, mas tudo que foi pensado para 2016 aconteceu. A CBF nos ajudou muito, hoje estamos bem preparadas. A comissão está nos passando todas as informações que precisamos. Estamos conseguindo fechar o grupo, e acredito que vamos entrar firme para ganhar a medalha de ouro.
Bárbara, medalhista de prata em Pequim 2008 e goleira da Seleção Brasileira