Completando três anos na Seleção Feminina, Pia Sundhage projeta final da Copa América: ‘Será especial’

Completando três anos na Seleção Feminina, Pia Sundhage projeta final da Copa América: ‘Será especial’

Treinadora, que promoveu várias estreantes à equipe em processo de renovação, também fará sua estreia em decisões oficiais com a Amarelinha

29/07 - Último treino da Seleção Feminina Principal na Universidad Industrial de Santander 29/07 - Último treino da Seleção Feminina Principal na Universidad Industrial de Santander
Créditos: Thais Magalhães/CBF

A Seleção Brasileira passa por um processo de renovação e várias das atletas convocadas disputam contra a Colômbia, neste sábado (30), sua primeira final em competições oficiais com a Amarelinha. Mas o ineditismo tem um sabor diferente para a experiente treinadora Pia Sundhage. A grande decisão da CONMEBOL Copa América, sua primeira à frente das Guerreiras, coincide com a data em que ela completa três anos no comando da Canarinho. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, a técnica fez um balanço do que viveu até aqui e projetou os próximos passos do trabalho.

“Acho que o time com o qual comecei enfrentando a Argentina há três anos é muito diferente daquele que vai enfrentar a Colômbia agora. A jornada tem sido fantástica e muito interessante de várias formas. Eu aprendi muito sobre o jogo como um todo, mas também sobre o jeito sul-americano de jogar futebol. Tenho muito orgulho das jogadoras jovens que trouxemos para a equipe, elas se destacaram muito bem e acredito que daqui a alguns anos, no longo prazo, elas farão deste um time vencedor na Copa e nas Olimpíadas. Tenho muito orgulho do que fizemos até aqui e, dito isso, temos um longo caminho até chegarmos ao patamar das melhores equipes do mundo, mas, passo a passo, chegaremos lá”, disse.

Sundhage também detalhou as principais instruções e a preparação psicológica para o confronto contra as anfitriãs. Para ela, o mais importante é desfrutar de momentos como esse para que a equipe esteja cada vez mais preparada para partidas grandes e decisivas.

“Chegamos à final e jogar uma final é sempre algo especial. Será um um jogo muito complicado, difícil, e acho que é importante, a começar por mim mesma, que mantenhamos a calma e não nos deixemos levar quando as coisas não funcionam. Voltar à nossa ideia de jogo, sermos sólidas e termos paciência, porque temos 90 minutos para marcar gols, e acho que essa é uma das coisas mais importantes: acreditar no que temos feito até aqui e continuar a fazê-lo”, afirmou.

29/07 - Último treino da Seleção Feminina Principal na Universidad Industrial de Santander Jogadoras da Seleção Brasileira durante o treino desta sexta-feira
Créditos: Thais Magalhães/CBF

Confira outros momentos da entrevista de Pia Sundhage:

Importância da final na renovação

Será uma grande oportunidade — a Copa América inteira foi, na verdade — para que as jogadoras mais jovens lidem com a pressão, com adversárias diferentes e com tipos diferentes de escalação inicial, que usamos para ajustar o nosso jogo. Esse torneio será muito importante lá na frente, e jogar a final, quer ganhemos ou percamos, nos obriga a lidar com esse sentimento de uma forma positiva. Boas jogadoras costumam dizer que é bom jogar sob pressão e achar um jeito de ganhar. Eu acredito que o jogo de amanhã provará para as jogadoras mais novas o quão preparadas elas estão. Independentemente do que aconteça amanhã, acredito que é um passo importante na direção da Copa do Mundo. Precisamos de jogos acirrados, difíceis e distintos entre si, e acho que as mais novas, desde que acreditem mais na equipe do que em resolver o problema sozinhas — porque nós temos várias jogadoras muito técnicas e capazes de fazer isso às vezes —, mas o sentimento delas tem que ser de que o time vai vencer a partida. 

Primeira decisão - trabalho psicológico

É importante para todas nós, especialmente para as mais jovens, acreditar na equipe, porque às vezes podemos nos deixar levar pela sensação de que vai resolver tudo sozinha. Devemos marcar gols, continuar criando chances e trazer a melhor performance umas das outras, essa é a chave. Na defesa, marcar e correr umas pelas outras. É uma grande oportunidade para todas nós e a primeira palavra que vem à minha cabeça é “aproveitar”. Você realmente precisa aproveitar esses momentos, porque, se fizer isso, vai querer ter a chance de jogar esse tipo de jogo no futuro também.

Performance 

O que quero com o resultado é simples: que marquemos mais gols que a Colômbia. Em relação à performance, quero que a gente continue a criar chances mas também a rechaçar as chances de nossos adversários. Acho que temos muitas oportunidades dentro da grande área, e nós conversamos sobre isso e sobre a importância de se estar preparada para ser alguém que marca gols. Eu ficaria satisfeita se fôssemos bem nessa situação específica: último passe, chute e finalização.

Privacidade do treino de hoje

Sim, é diferente não ter a prerrogativa de fechar o treino. Por outro lado, sou uma pessoa que gosta de olhar pelo lado positivo, então decidimos não fazer certas coisas no campo, porque não sabemos quem estava assistindo e não queremos revelar demais aos nossos oponentes. Optamos por exercícios que consistem numa boa preparação para as jogadoras na partida de amanhã. É complicado, mas sempre há uma solução, de uma forma ou de outra.

Testes para a escalação

Primeiramente, estamos avaliando a escalação inicial. Esta é uma das razões pelas quais trocamos jogadoras e avaliamos a performance. Em segundo lugar, é importante ter uma ideia de que tipo de troca talvez precisemos fazer durante o jogo, então elas ganham alguns minutos a mais, veem distâncias em posições diferentes, etc. Queria que tivéssemos mais tempo de fazer isso, porque precisamos melhorar a eficiência dessa mudança na tática que podemos ter com jogadoras vindas do banco. Mas estamos indo passo a passo e, lá na frente, indo para a Copa do Mundo, acredito que teremos feito um bom trabalho. 

Variações táticas da Colômbia

Quanto à Colômbia, é claro que fizemos nosso trabalho completo. Analisamos os dois jogos contra os Estados Unidos e acho que elas só cederam cinco gols. Em comparação à quantidade de gols que elas têm marcado nessa Copa América, é diferente. Você tem jogadoras semelhantes, o mesmo tipo de característica, mas que é trazida de uma forma diferente quando se joga na Copa América e o motivo é o oponente. Por isso é tão interessante jogar contra tipos diferentes de adversários para estar preparado para o próximo passo, como, por exemplo, a Copa do Mundo. Estamos preparadas para cenários diferentes da maneira como elas estão jogando, e uma das principais missões é saber como nos defender dos contra-ataques delas, como devemos atacar tanto pelo meio quanto pelas alas e como analisar cenários distintos. Por isso tenho falado tanto nas jogadoras que vêm do banco. Se pudermos fazer um bom trabalho nesse aspecto, podemos mudar contra quem quer que estejamos enfrentando, porque temos uma ideia de como elas vão jogar, se terão quatro ou cinco na linha de trás, etc, e talvez seja necessário utilizar o banco para promover essas mudanças. Será muito interessante ver como o jogo de amanhã será diferente dos demais que elas vêm jogando, marcando muitos gols, cedendo poucos, e é por isso que elas chegaram à final e é por isso que nós chegamos à final. Em relação à defesa, tudo depende do esquema tático delas e de como nós recuperamos a posse. Claro que isso muda de acordo com o time adversário. Jogar contra a Colômbia é muito diferente de jogar contra Suécia e Dinamarca, por exemplo. Características diferentes, velocidades de jogo diferentes, se nós temos a posse ou elas têm. Há muito o que se levar em conta quando você fala em tática, há de se colocar no lugar do treinador adversário para imaginar o que ele fará, para que quando o jogo começar possamos responder se escolhemos o melhor sistema, se adivinhamos certo ou se precisamos fazer algumas mudanças. E essa é a beleza de jogar partidas importantes, porque tudo isso é relevante.

Destaque, revelação e música para a final

Em relação às jogadoras, nós ainda temos uma partida a fazer. Não posso me deixar levar por essas perguntas, peço desculpas, mas você pode repeti-la amanhã após a partida, porque acho que essa final será especial. Quanto à música para a final, eu diria, de um jeito bem europeu, “It’s Now or Never”, porque é agora ou nunca.

29/07 - Último treino da Seleção Feminina Principal na Universidad Industrial de Santander Seleção Brasileira fez seu último treino antes da final nesta sexta-feira (29)
Créditos: Thais Magalhães/CBF

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