Após quase parar de jogar, Jucinara supera doença e estreia em Tóquio 2020

Após quase parar de jogar, Jucinara supera doença e estreia em Tóquio 2020

Lateral de 27 anos teve uma embolia pulmonar pouco antes da Rio 2016 e passou meses sem caminhar normalmente. Nesta terça, ela foi titular na vitória do Brasil sobre a Zâmbia na Olimpíada de Tóquio

“Inefável”: aquilo que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força ou beleza. No caso de Jucinara, é tudo isso junto. A tatuagem que ela carrega na pele resume o árduo caminho que teve de percorrer para defender a Amarelinha. A lateral de 27 anos fez nesta terça-feira (27), contra a Zâmbia, sua estreia em competições oficiais pela Seleção Brasileira.

Juci foi titular da partida que decretou a classificação do Brasil para as quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas ninguém poderia imaginar isso em 2015, quando, a um passo da Rio 2016, a atleta quase teve de abandonar os gramados, por conta de uma trombose que evoluiu para uma embolia pulmonar. Ninguém, exceto ela.

“Eu tenho uma história por trás de tudo isso. Além do sonho de criança de competir com a Seleção, em 2015, pouco antes da Rio 2016, eu tive uma trombose e uma embolia pulmonar. Passei oito meses praticamente na cama, sem poder caminhar muito. Tivemos que esperar muito tempo para saber se eu poderia voltar a jogar futebol ou não. No final do ano, me perguntaram: ‘onde você se vê daqui a cinco anos?’. Respondi: na Olimpíada de Tóquio”, lembrou Juci, que se emociona ao pensar no que tudo isso representa para ela.

“Além da realização de um sonho, é a realização de algo que superei com o futebol. Não tenho palavras para explicar meu sentimento em relação ao que vivi lá atrás e a poder realizar aquilo que eu disse naquela época”, emocionou-se.

Jogos Olímpicos de Tóquio 2002 - Seleção Feminina: Brasil x Zâmbia. Jucinara. Jucinara fez sua estreia na Olimpíada nesta terça-feira (27)
Créditos: Sam Robles/CBF

A condição que Jucinara venceu para seguir a carreira é grave e pode até provocar o infarto do pulmão. A trombose ocorre quando um ou mais coágulos se formam em veias grandes das pernas e das coxas, bloqueando o fluxo sanguíneo e causando inchaço e dor na região. Caso esse coágulo se desprenda e atinja a corrente sanguínea, ele pode se alojar na artéria pulmonar, bloqueando a passagem do sangue e causando a morte do tecido.

No caso de Juci, foram três meses sem andar e oito em recuperação gradual. À época, a gaúcha de Porto Alegre (RS) tinha 21 anos, estava no início da carreira profissional e na véspera de uma Olimpíada a ser disputada em seu país. Mesmo se o corpo aguentasse, seria compreensível se o golpe psicológico fosse forte demais. 

Mesmo assim, a lateral não desistiu e trabalhou muito para voltar a jogar em alto nível. Foi campeã da Copa do Brasil com o Corinthians em 2016 e, em 2017, transferiu-se para a Espanha, onde defendeu Atlético de Madrid, Valencia e Levante UD, seu clube atual. Também neste ano, veio o primeiro chamado para integrar um grupo cuja alcunha lhe cai muito bem: Guerreiras do Brasil.

 

"Não tenho palavras para explicar meu sentimento"

 

“Eu levo uma tatuagem com a palavra ‘inefável’, que é algo que não sabemos explicar. Estar aqui é um sentimento de felicidade, de emoção. Eu me sinto realizada. A Olimpíada reúne os melhores de todos os esportes, e poder estar nos Jogos Olímpicos, entre eles, é um sentimento bem difícil de expressar. É uma realização mas, ao mesmo tempo, poxa, estou aqui com Marta e Formiga! Poder dizer que estou entre os melhores é inexplicável”, celebrou.

“A gente nunca teve tanto tempo para trabalhar juntas como tivemos em Portland, com 15, 20 dias de preparação conjunta para Tóquio. Hoje, tivemos uma vitória importante, seguimos o planejamento que a Pia nos pediu e eu estou muito feliz. Antes de o jogo começar, eu estava bem nervosa, mas logo fui ficando mais tranquila. Temos um time que vem buscando seu melhor a cada dia, com muita união, trabalhando muito para aprimorar nossas virtudes e corrigir nossas fraquezas”, concluiu.

As Guerreiras voltam a campo nesta sexta-feira (30), às 5h (horário de Brasília), para enfrentar o Canadá em busca de uma vaga na semifinal nos Jogos Olímpicos. A partida será transmitida por TV Globo, SporTV e BandSports.

Jogos Olímpicos de Tóquio 2002 - Seleção Feminina: Brasil x Zâmbia. Angelina, Andressa Alves, Letícia Santos, Jucinara e Ludmila. Brasil derrotou a Zâmbia por 1 a 0 pela fase de grupos dos Jogos Olímpicos
Créditos: Sam Robles/CBF

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