Atacante lembra gol feito sobre a Argentina com o pai na arquibancada, imprevisto no elevador momentos antes desta mesma decisiva partida e fala com nostalgia sobre o clima da Granja
O Baú da Seleção desta terça-feira (26) relembra o título do Campeonato Sul-Americano Sub-15 de 2011 através do relato Caio Rangel. O tricampeonato do Brasil no torneio, que tem a Canarinho como atual e maior vencedora, com cinco títulos, marcou a geração que contava com o quarteto ofensivo formado por Matheus Índio, Robert, Caio Rangel e Mosquito. Quase nove anos depois, a conquista no Uruguai continua bem viva na memória e nas paredes da casa de Caio.
Revelado pelo Flamengo, o atacante conversou com a equipe do site da CBF e relembrou as características daquele grupo, contou histórias curiosas e mostrou nostalgia e muito carinho ao falar dos períodos vividos na Granja Comary com a Seleção Brasileira. Caio Rangel, que disputou o Campeonato Paulista de 2020 pela Ferroviária-SP e está sem clube no momento, ainda controla a emoção para falar do gol marcado contra a Argentina na Fase Final do torneio, o último da vitória por 4 a 2, que contribuiu e muito para o título da Canarinho na competição.
– O Marquinhos Santos (técnico da Seleção Sub-15) começou a competição comigo no time, mas no decorrer fez alguns testes e acabei começando esse jogo contra a Argentina no banco. Entrei no intervalo e participei bastante da partida. No final, já nos acréscimos, consegui fazer um gol. Considero este o momento mais importante de toda a minha vida. Eu só tinha 15 anos, imagina a minha emoção? Meu pai estava na arquibancada, tinha acabado de chegar no Uruguai, pois não pôde ir desde o início para ver a competição. Então, com ele lá na arquibancada, considero que foi como uma coroação para mim – declarou.
Camisa assinada por todos da campanha do Sul-Americano foi enquadrada e é exibida com orgulho na parede da casa de Caio Rangel
Créditos: Arquivo pessoal
Este jogo diante da Argentina foi o primeiro da Fase Final. Antes, na Fase de grupos, o Brasil empatou em 0 a 0 com a Colômbia, goleou o Peru por 5 a 1, a Bolívia por 6 a 1 e superou o Paraguai por 2 a 0. Na última fase, quando todos se enfrentavam e a equipe que somasse mais pontos ficava com a taça, a garotada que defendia a Amarelinha repetiu o placar do triunfo diante da Argentina sobre a Colômbia e fez 4 a 0 no Uruguai. Com 25 gols marcados em sete jogos, apenas seis sofridos e seis vitórias e um empate, a impactante campanha invicta só foi possível graças a um fator para Caio: a união do grupo.
– A primeira coisa que lembro quando penso naquele Sul-Americano de 2011 é que era um grupo muito unido. A gente tinha esse conceito como algo muito forte. Éramos rivais nos clubes, mas quando todo mundo se juntava naquela Seleção formávamos algo muito legal e admirável. Todo mundo dava o seu melhor, o grupo se fechava e confesso que nunca vi essa característica tão forte em outros lugares por onde passei – acrescentou.
Caio Rangel compartilhou foto de seu acervo pessoal que exibe o grupo posado
Créditos: Arquivo pessoal
A Seleção Brasileira é algo marcante para Caio. Por isso, nas paredes de casa, o atacante exibe a camisa assinada por todos do grupo campeão sul-americano em 2011 e fotos de outros jogos com a Amarelinha. Como a maioria dos jogadores, o atleta também gosta de contar histórias. No Sul-Americano do Uruguai, ele recorda de um momento de tensão pouco antes de um jogo decisivo.
– Estávamos no hotel, descendo para pegar o ônibus e partir para o estádio. Foi no dia do jogo com a Argentina. Faltava cerca de uma hora e meia para começar a partida e ficamos presos no elevador. Eu, Robert, Matheus Augusto, Índio... O treinador gritando pelos nossos nomes, porque ia passando a hora de sair para o jogo, e a gente respondia: - Estamos presos aqui no elevador! Foram uns 20 minutos até que conseguíssemos sair – revela o jogador, com algumas risadas.
Usando a camisa 7, Caio Rangel em ação no duelo com o Peru
Créditos: Arquivo pessoal
Além da Sub-15, Caio Rangel também passou pelas categorias Sub-17 e Sub-20 da Seleção Brasileira. Em 2013, inclusive, o atacante disputou a Copa do Mundo Sub-17 nos Emirados Árabes e marcou dois gols na campanha do Brasil, que terminou nas quartas de final com derrota para o México nos pênaltis. Ele lembra com nostalgia e carinho os períodos de preparação na Granja Comary, Centro de Treinamento e casa de todas as Seleções Brasileiras de futebol.
– Quando eu chegava na Granja sentia algo muito legal. Hoje tenho muita saudade. A Granja tem uma paz, um clima... As tias da cozinha, o dia a dia, o treinamento. Tudo é perfeito. Passar pela Seleção me ajudou bastante. Agradeço muito a Deus pela oportunidade. Quando lembro sempre falo para o meu pai, que é o meu melhor amigo: - Pai, fui muito feliz naquela época! – recorda Caio Rangel.
Já na Sub-17, Caio Rangel (o 1º da esquerda para direita) ao lado dos companheiros em um treino na Granja Comary
Créditos: Rafael Ribeiro / CBF
Sob o comando do técnico Marquinhos Santos, o Brasil disputou o Sul-Americano Sub-15, no Uruguai, com um grupo de 20 atletas formado por: Marcos, Thiago, Leonardo, Lincoln, Lucas, Alef, Wellington, Caio Rangel, Danilo, Davi, Gabriel, Gustavo, Heitor, Matheus Índio, Robert, Matheus, Gustavo Tocantins, Robert, Mosquito e Yan Petter.
Caio Rangel em treino do Mundial Sub-17 com a Seleção nos Emirados Árabes
Créditos: Rafael Ribeiro / CBF
Através de depoimentos, objetos e lembranças compartilhados pelos próprios atletas, o site da CBF relembra conquistas das Seleções Masculinas e Femininas, de base e profissional, através do Baú da Seleção. Toda terça-feira algum personagem que brilhou com camisa Amarelinha aparece por aqui com alguma história inédita. Continue ligado!