Depois de conquistar a inédita medalha de ouro do futebol brasileiro nos Jogos Olímpicos Rio 2016, Douglas Santos tinha a expectativa de receber uma sequência de convocações para a Seleção Brasileira Principal, o que acabou não acontecendo. Em entrevista à CBF TV, o paraibano confessou que parou de acompanhar as divulgações das listas e comemorou o retorno à Amarelinha nove anos após fazer história pelo Brasil.
“Depois das Olimpíadas, fiquei esperançoso de seguir servindo a Seleção, mas foram se passando anos e acaba que você para de assistir à convocação. Mas sempre quando eu dava entrevista, me perguntavam se eu ainda tinha a vontade de voltar à Seleção e sempre deixei bem claro que ainda existia o sonho. E eu não parava de trabalhar, dava o meu melhor no clube, sabendo que um dia eu iria receber essa oportunidade, e graças a Deus estou aqui hoje”, revelou.
O lateral-esquerdo fez parte do grupo que disputou a Copa América e sua única partida pela Seleção se deu em 29 de maio de 2016, em Denver, nos Estados Unidos, na vitória por 2 a 0 sobre o Panamá.
Douglas Santos faz trabalho físico na Granja ComaryCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
Além de estar de volta, ele terá a felicidade de reencontrar o Maracanã, estádio no qual fez história com a Seleção em 2016. Na final, o Brasil empatou por 1 a 1 com a Alemanha no tempo regulamentar e, nos pênaltis, venceu por 5 a 4.
“Depois da convocação, vi onde seriam os jogos, vi que seria no Maracanã, onde fiz meu último jogo pela Seleção, um jogo histórico. Foi a primeira medalha olímpica do futebol brasileiro, então falei: "Esse momento estava marcado e tinha que ser hoje”. Está sendo um marco na minha vida, Deus sempre proporciona algo especial para mim e tenho certeza de que vai ser um encontro especial”, celebrou Douglas.
A medalha de ouro, porém, está com seu pai, em João Pessoa, sua cidade natal. Eles vão estar juntos no Maracanã para o jogo desta quinta-feira (4), contra o Chile, às 21h30, pela 17ª rodada das Eliminatórias.
“Quando eu a ganhei, meu pai falou: ‘Essa medalha quem vai guardar sou eu e a sete chaves’. Está com ele, não sei onde está. Ele só falou: ‘Meu filho, tá guardadinha e tô cuidando dela com o maior carinho, porque sei que um dia a gente vai poder voltar a esse palco novamente’. Graças a Deus, vou voltar ao Maracanã”, contou.
Douglas Santos com a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos Rio 2016Créditos: Lucas Figueiredo/CBF
O jogador de 31 anos destacou também que está ansioso para reencontrar o torcedor brasileiro.
“O torcedor brasileiro não para de gritar do primeiro ao último minuto do jogo, torcendo realmente, querendo ver gol, um jogo bonito. É diferente na Europa, infelizmente o frio é muito grande, então é difícil as pessoas terem esse calor que o brasileiro tem. Com certeza será um momento especial, ainda mais no Maracanã, com o estádio lotado”, disse.
Futebol Russo
Em função do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, o Zenit, clube russo onde Douglas atua desde 2019, foi impedido pela UEFA de participar de competições europeias. Embora não tenha a chance de encarar equipes das principais ligas do continente, reforçou que sempre esteve com o pensamento de que alguém observaria sua qualidade e lhe daria uma outra chance.
“Depois que o Zenit ficou longe das competições europeias, claro que o jogador pensa que ficou mais difícil de ter a visibilidade que tanto almeja em alcançar, mas segui trabalhando, dando o meu melhor no clube para atingir os objetivos e tinha a certeza que alguém iria me olhar e, graças a Deus, o momento chegou e pude estar pronto para receber a oportunidade com muita garra e convicção”, afirmou.
Douglas Santos durante treino na Granja ComaryCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
Antes do clube de São Petersburgo, ele passou por diversos times entre Brasil e Europa. Revelado pelo Náutico em 2012, ele se transferiu para o Granada, da Espanha, em julho de 2013. Em setembro, foi para a Udinese. No ano seguinte, chegou ao Atlético-MG, pelo qual se sagrou campeão da Copa do Brasil de 2014 e do Campeonato Mineiro de 2015.
Após os Jogos Rio 2016, ele se juntou ao alemão Hamburgo, onde permaneceu até 2019, quando foi contratado pelo Zenit. Na Rússia, é pentacampeão nacional (2019–20, 2020–21, 2021–22, 2022–23 e 2023–24), conquistou a Copa da Rússia da temporada 2019-20 e venceu a Supercopa da Rússia em 2020, 2021, 2022 e 2023.
Douglas comenta que cada clube e país pelos quais passou contribuíram para que esteja vivendo o seu “melhor momento como jogador profissional”.
“Cada país em que joguei tem seu modo de viver e de pensar. (...) Na minha vida, foi sempre escadinha, saí do Náutico, fui para a Udinese, voltei para o Galo e depois Hamburgo. Essas mudanças me ajudaram a chegar aonde estou hoje, são seis anos de Zenit, conquistando títulos, sendo capitão. Estou vivendo o meu melhor momento como jogador profissional e que com certeza está sendo carimbado com a convocação”, concluiu.
Douglas Santos durante treino na Granja ComaryCréditos: Rafael Ribeiro/CBF