Raízes da Seleção: Ederson, de goleiro-linha ao tiki taka

Raízes da Seleção: Ederson, de goleiro-linha ao tiki taka

Goleiro da Seleção Brasileira começou no futebol de salão e desenvolveu uma característica única entre os companheiros de posição

Ederson no Raízes da Seleção Ederson no Raízes da Seleção
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Ederson nunca foi um jogador comum. Quando ainda era adolescente, atuava como goleiro-linha no time de futsal de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo. A equipe tinha até jogadas desenhadas só para ele. Não era por acaso: o jovem tinha um canhão na perna esquerda e era uma das principais armas do time. Chegou a disputar a artilharia de alguns torneios, tão bom era o aproveitamento de seu chute.

O tempo passou e o goleiro-linha se transformou em um dos melhores goleiros do mundo. Atualmente, Ederson defende a Seleção Brasileira e o Manchester City. Nos dois times, chama a atenção por sua qualidade com os pés, que herdou dos tempos do salão. Na Inglaterra, é um dos pilares ofensivos de Pep Guardiola, que utiliza uma adaptação do tiki-taka, estilo de jogo pautado pelos passes e pelo controle da bola.

- Eu sempre tive isso comigo (a qualidade com os pés). Com o decorrer do tempo, você vai aprimorando. No salão, eu participava muito do jogo como goleiro-linha. Fazia gol, tocava muito na bola. Isso me ajudou muito. A gente tinha jogadas ensaiadas para eu bater para o gol. Teve um torneio em que fui vice-artilheiro, usávamos isso como arma. Depois, transferi essa característica para o campo - contou o goleiro da Seleção.

Aos 25 anos, Ederson é titular absoluto do bicampeão inglês. Apesar da juventude, ele impressiona pela maturidade. Não é comum que goleiros tenham destaque nessa idade, mas a trajetória dele não é, de fato, muito usual.  Em 2006, Ederson chegou às categorias de base do São Paulo. Atuava como zagueiro nos campos de Osasco, mas foi testado e aprovado como goleiro no Tricolor. Os anos se passaram e a transição do jovem entre uma categoria e outra não foi boa.

Após três anos em Cotia, Ederson foi dispensado pelo São Paulo e quase desistiu do futebol. Voltou para Osasco, mas não deixou de treinar. Pelo contrário, intensificou sua preparação. Foi assim que ele continuou a evoluir como goleiro e aproveitou a grande oportunidade de sua vida, com o Benfica. Com apenas 15 anos de idade, se transferiu para o futebol português e viu seu mundo mudar.

- Não foi fácil esse período. Fiquei dois anos no Benfica e fui para um time da terceira divisão (o Ribeirão, de Braga). Ali eu vi e falei: tenho que dar meu melhor. Aquilo fez bem para mim, me fez olhar o futebol de outra maneira. Fiquei no alojamento do Benfica, não faltava nada, tinha brasileiros, meninos de outros países. A adaptação foi muito fácil. Só senti mesmo a saudade da família. No começo é difícil, mas você se acostuma, cria uma responsabilidade maior. Isso foi bom para minha evolução como pessoa - lembrou.

Depois de voltar ao Benfica, sua carreira engrenou. Tomou a vaga de outro grande goleiro do futebol brasileiro: Júlio César, que lhe ajudou muito. O veterano reconheceu o momento do jovem e foi um grande mentor para ele no clube português. As atuações convincentes pelos Encarnados levaram Ederson para a Seleção e para o Manchester City. Chegou ao clube inglês no meio de 2017, como o segundo goleiro mais caro da história do futebol.

Mas não foi só dentro de campo que Ederson viu sua vida se transformar. Em Portugal, ele se casou com Laís, mãe de seus dois filhos: Yasmin e Henrique. Ela está grávida e o novo integrante da família Moraes deve nascer em janeiro. A chegada dele é motivo de grande felicidade e orgulho para o goleiro, que sonha ganhar um título para oferecer a seus filhos.

Afinal, Ederson já experimentou muitas sensações durante a carreira. Ele sabe que os títulos, as derrotas, as falhas e as grandes defesas fazem parte da trajetória de qualquer goleiro. Mas nada disso se compara à paternidade. Ser pai mudou a maneira como Ederson enxerga a vida. Os dias tristes ficam amenos, e os momentos de felicidade se multiplicam ao lado dos filhos. 

- A responsabilidade é maior. Tudo que você faz é pensando neles. Se você vai mal em um jogo, quando chega em casa e vê a felicidade de seus filhos, acaba desligando um pouco disso. Eu gosto muito de ficar com eles, de brincar, traz uma alegria muito grande para gente. Acordar de manhã e ver que seu filho está feliz, que está bem, que não falta nada, é a melhor parte. Veio um atrás do outro, e agora a gente vai dar um tempo. Mais para frente, daqui uns oito ou dez anos, tenho a ideia de adotar um filho. Ela (Laís) aceitou na boa, mas é mais para o futuro - contou, antes de explicar a motivação para uma adoção:

- A gente vê tantas crianças em abrigo, que a mãe não tem condições de criar. Muita gente passando necessidade, é difícil ler notícias sobre crianças sendo abandonadas. Eu nem gosto de ficar vendo muito porque me toca. Queria adotar um filho para dar oportunidade a uma criança.

Retratos Ederson Ederson carrega a honra de servir a Seleção Brasileira
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF


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