Friedenreich: origem, histórias e mitos do primeiro ídolo da Seleção

Friedenreich: origem, histórias e mitos do primeiro ídolo da Seleção

Conheça mais sobre a carreira do pardo de olhos verdes que desafiou a aristocracia defendendo a Seleção em 1919 e é o herói do nosso primeiro grande título

Friedenreich - 1919 Friedenreich - 1919
Créditos: Reprodução

A Seleção Brasileira tem muitos ídolos. Se fôssemos citar um a um aqui este parágrafo inicial do texto seria interminável. Mas vamos começar pelo primeiro: você sabe quem foi o pioneiro na nossa galeria de estrelas? Ele até tem nome de gringo, mas fez o povo brasileiro vibrar muito com a Amarelinha. Nossa personagem em questão é Arthur Friedenreich, o herói do Sul-Americano de 1919. Assim como outros grandes craques do nosso futebol, El Tigre, como era chamado, tem uma interessante história de vida. Também giram polêmicas em torno de sua história, mas talvez ninguém do meio esportivo nacional tenha tantas peculiaridades quanto ele.

Filho de um descendente de alemães com uma negra brasileira, Friedenreich nasceu pardo e com os olhos verdes, sendo um legítimo exemplo da miscigenação de nossa raça. Desde pequeno, o alto e forte rapaz paulistano demonstrava interesse pela bola na várzea da capital paulista. O ingresso dele na modalidade, no entanto, aconteceu de forma curiosa. Durante uma partida na rua, o jovem foi atropelado. Não sofreu nada além de arranhões e seu pai, Oscar, pensando em evitar um novo incidente, matriculou o filho no clube Germânia. Através de uma medida protetiva do pai, Fried teve seu primeiro contato “pra valer” com a pelota que tanto amava e, ainda sem ter muita noção disso, iniciou a grande carreira.

Friedenreich fez parte da equipe que disputou o primeiro jogo da história da Seleção Brasileira, diante do Exceter, da Inglaterra, em 1914. A idolatria nacional viria cinco anos mais tarde. Grande craque do Brasil no Sul-Americano de 1919, disputado no Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro (RJ), El Tigre foi importantíssimo durante a campanha, com quatro gols, e marcou o tento na grande decisão com o Uruguai, na prorrogação da partida, que garantiu o primeiro grande título do Brasil no futebol. Se quanto a este gol não há dúvidas, o mesmo não pode ser dito sobre outros. Uma das polêmicas envolvendo a carreira de Friedenreich é a quantidade de gols que ele marcou. Alguns registros apontam mais de 1.300 gols na carreira do atacante. Há também, no entanto, dados que marcam 558 tentos. A estatística oficial do Centro de Memória e Acervo da CBF contabiliza dez gols em 23 jogos com a Amarelinha.

Outro mito que paira sobre a carreira de Friedenreich se refere aos pênaltis. Foi perpetuado por anos na mídia que o atleta nunca havia perdido uma penalidade em mais de 500 cobranças. Alguns registros, no entanto, apontam que ele não fez o gol finalizando da marca do cal da pequena área em 12 oportunidades. Enquanto há contradições para os pênaltis existe um fato que não pode ser contestado: o sucesso do atleta após o gol do título do Sul-Americano 1919. As chuteiras que ele usou na grande decisão com o Uruguai ficaram expostas em uma famosa e importante joalheria do Rio de Janeiro e do Brasil nas primeiras décadas do Século XX, ao lado de joias raras, obras de artes e outros objetivos de grande valor. Não é exagero afirmar que nascia ali a “Pátria de chuteiras”, expressão proferida e imortalizada pelo histórico cronista esportivo Nelson Rodrigues. 

Fotos 1919 O gol do título em 1919: Friedenreich cabeceia firme para o fundo da rede uruguaia
Créditos: Arquivo Nacional

Mesmo em uma época sem internet e jogos com transmissão em TVs, Friedenreich também alcançou um status de astro internacional. Esta fama começou em uma excursão do Paulistano à Europa, time que o atacante defendia, no ano de 1925. Na estreia, diante da França, El Tigre fez três gols na vitória por 7 a 1 da Seleção Brasileira e terminou a viagem com 11 gols em dez jogos disputados. A partir daí vieram novos apelidos. Le roi du football (O rei do futebol) e Le danger (O perigo) foram as alcunhas. Mas o primeiro, El Tigre, que veio justamente dos adversários uruguaios no Sul-Americano de 1919, foi o que mais “pegou” e o acompanhou até o último dia de vida.

Nosso primeiro ídolo representa a pluralidade de nosso povo. A ginga e o talento do futebol brasileiro em sua essência. Cabe a nós destacar seus grandes feitos, contar a história que escreveu e agradecer por tudo o que fez pelo esporte do nosso país. Valeu, Fried. Você honrou a amarelinha como poucos, antes mesmo dela ter esta cor.  

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