Campeão das Copas das Confederações de 2005 e 2009 com a Seleção Brasileira, além de compor o grupo da Amarelinha no Mundial da África do Sul, em 2010, o goleiro Gomes decidiu pendurar as luvas e chuteiras em 2019. Aos 37 anos, o ex-cruzeirense revelou até a vontade de encerrar a carreira no time celeste, mas disse que deve mesmo se despedir dos gramados com a camisa do Watford, clube inglês que defende desde 2014. 

- Está tudo encaminhado para eu encerrar aqui mesmo. Já entrei no meu último ano de contrato. Fisicamente estou muito bem para tentar ir mais um pouco, mas provavelmente encerro ano que vem. Eu tinha um sonho de poder voltar a jogar no Brasil novamente. Principalmente no Cruzeiro, de onde eu saí muito jovem. Acabei fazendo minha carreira na Europa, quase 15 anos. Mas o tempo foi passando, o Fábio foi ficando... (risos). Então eu acho que vou ter que encerrar por aqui mesmo - declarou o goleiro, ao site da CBF.

Apesar de sair de cena nos gramados, Gomes diz que não se vê fazendo outra coisa que não seja relacionada ao futebol. No entanto, a única função que o jogador rechaçou de cara foi a de treinador. Ele não se vê comandando uma equipe.

- Eu acho que, quando você se torna um jogador de futebol, é impossível você sair totalmente. Já tive alguns convites, interesse do próprio Watford, para assumir alguma função diretiva no clube quando eu parar de jogar. Dentro de campo acho que vai ser um pouco complicado. Eu tenho uma boa visão de jogo, mas toma muito tempo. Tem que viver o futebol. Para ser treinador tem que ficar 24 horas pensando em treinamentos e tudo. Eu não me vejo fazendo isso. Talvez fora, agenciando algum jogador, sim... mas eu não me vejo treinador. Mas com certeza seguirei envolvido com futebol - disse o goleiro.

Dentro do Brasil, Gomes fez história ao conquistar a Tríplice Coroa com o Cruzeiro, em 2003. Lá fora, antes de atuar no futebol inglês, levantou cinco troféus nacionais na Holanda, defendendo o PSV. Na Inglaterra, jogou pelo Tottenham de 2008 a 2014. Logo depois, em maio de 2014, foi anunciado pelo Watford e ajudou o clube a subir para a primeira divisão do Campeonato Inglês.

Confira os outros trechos da entrevista com Gomes:

Permanência de Tite na Seleção Brasileira

Não poderia ter tido decisão melhor a de manter o Tite. O trabalho na Seleção, ainda mais depois de uma transformação, tem que ser a longo prazo. É quase impossível fazer um trabalho a curto prazo. O treinador da Seleção tem que ter oportunidade, no mínimo, de duas Copas. Uma vai com a possibilidade de ganhar, como foi essa, mas não ganhou. A outra vai para ganhar, porque já tem uma base, já tem um time muito forte. Com certeza ele não vai cometer os mesmos erros. Os erros, no caso, foram positivos até. Com certeza o Tite vai crescer muito. Vai chegar mais maduro na próxima Copa. Ele é um grande treinador, mas não tinha experiência de Copas do Mundo. O mais importante agora é que o trabalho está sendo feito e com continuação, o que para mim é o mais importante no futebol.

Goleiros brasileiros

Safra com talento incrível. Principalmente Alisson e Ederson, que a gente acompanha um pouco mais de perto aqui (Inglaterra). São goleiros muito talentosos, tanto debaixo das traves como também com os pés. O futebol hoje está muito evoluído, e os goleiros precisam saber jogar com os pés. Tanto Alisson quanto Ederson sabem muito bem. Tem o Cássio nessa safra também. 

Segundo brasileiro com mais jogos na Liga Inglesa

Para mim tudo foi sempre um sonho. Eu conquistei coisas que nunca imaginei. Parece que hoje continuo sonhando. Jogar em um clube grande como o PSV, fazer uma história lá. Participar de grandes jogos da Liga dos Campeões. Depois vir jogar na liga mais badalada do futebol mundial, que é a inglesa, sendo o segundo jogador que mais jogou. Não sei se esse ano vou atrás do recorde de tornar-se o brasileiro com mais jogos aqui, não. O Watford contratou o Ben Foster, que está muito bem. A posição está sendo disputada e muito acirrada. Ele está merecendo ser o titular. É um grande goleiro, sou fã dele. 

Levando o Watford  à primeira divisão do Campeonato Inglês

O Watford foi um projeto totalmente diferente daquilo que eu estava acostumado. Estava habituado a chegar em equipes prontas, jogando na primeira divisão. Mas veio a possibilidade do Watford, segunda divisão. Abracei o projeto. O dono da equipe disse que precisava de mim para liderar um grupo jovem para subirmos para a primeira divisão. Eu topei na hora. O clube vem a cada dia melhorando, gastando pouco, o que não é fácil no futebol. Tem uma galera muito inteligente trabalhando no clube, que faz futebol há muito tempo. O trabalho está muito bem feito.Vamos sempre bater na porta para disputar competições europeias.