Se hoje Ademir pode desfilar seu talento pelos principais gramados do país e ajudar o América-MG na Copa Continental do Brasil, é porque no passado o atacante ralou em campos bem menos favoráveis. Cria do futebol de várzea e com pouca vivência em categorias de base, o atleta do Coelho teve no terrão a sua principal formação, tanto no esporte quanto na vida. Foi superando as adversidades do cenário amador que o jogador pôde trilhar seu caminho e se tornar um dos destaques da equipe profissional do clube mineiro, que enfrenta o Palmeiras nas semifinais da Copa do Brasil.

Em entrevista ao site da CBF, Ademir relembrou as principais dificuldades daquele período e explicou de que forma o terrão foi primordial para que ele seguisse o sonho de se tornar um atleta profissional. 

“A várzea é um lugar de grandes talentos. Como eu vim de lá também, grande parte da minha vida foi jogando na várzea. O perrengue que a gente passa lá é não receber para jogar, não ter uniforme adequado, um campo adequado, bolas, uma estrutura mesmo, que se tem no futebol profissional. Acredito que a experiência que tive na várzea me fez valorizar mais todas as oportunidades que tenho no profissional. Me fez correr atrás dos objetivos para conseguir realizar meus sonhos”, admitiu o jovem de 25 anos, antes de revelar qual a principal característica de seu jogo oriunda dos campos de várzea.

“A habilidade que eu trouxe (da várzea) acredito que seja o drible, que a gente tem que usar mais lá, até porque não tem tanta tática, esquema tático, como tem no profissional. Não tem muito isso na várzea. Então o drible é uma característica que eu trouxe para o profissional e que agregou bastante", completou o jogador do Coelho.

Um talento moldado no Triângulo Mineiro

Ademir é natural de São Paulo, capital, mas foi em Patrocínio, município de Minas Gerais, onde foi criado, que o jogador construiu boa parte de sua carreira. Com o incentivo dos familiares, o jovem deu seus primeiros passos em direção ao profissionalismo na equipe Sub-20 do Uberlândia, onde ficou por dois anos. Após a experiência, o atacante, enfim, teve seu primeiro contrato assinado, no Clube Atlético Patrocinense.

“O início da minha carreira foi um pouco complicado, até porque não tive base. Somente dois anos no Sub-20 do Uberlândia, passei por algumas dificuldades que são normais, tive que passar por um tempo de adaptação. Comecei a carreira no Uberlândia mesmo, no Sub-20, e depois fui para a Patrocinense, onde tive meu primeiro contrato profissional. Sou natural de São Paulo, capital. Mas poucos sabem que fui criado em Patrocínio, Minas Gerais. Por isso que minha carreira foi construída praticamente toda aqui em Minas”, explicou Ademir.

Perseverança e talento ajudaram Ademir a se destacar na várzea e conquistar seu espaço no futebol profissional
Créditos: Mourão Panda / América

A primeira empreitada do jogador como atleta profissional foi um sucesso. E prova disso foi o interesse gerado no América-MG, que contratou o jovem em 2018. Desde então, foram mais de 50 aparições e 15 gols marcados pelo Coelho. Habituado com o ambiente e valorizado pelos torcedores em Belo Horizonte, Ademir admitiu que seu coração pertence ao Tricolor.

“Sem sombras de dúvidas, o América-MG hoje se tornou meu clube do coração, onde eu apareci para o Brasil, para o mundo do futebol. Tenho um sentimento, um carinho muito grande pelo clube que vou levar para o resto da minha vida. Estou há 3 anos, que não é pouca coisa, então a gente acaba pegando esse amor pelo clube”, garantiu.

Voando baixo em duas frentes

A boa fase de Ademir coincide com a do clube. Atual vice-líder da Série B do Campeonato Brasileiro e pela primeira vez em sua história semifinalista da Copa do Brasil, o América-MG, sob a batuta do técnico Lisca, é um dos grandes destaques da temporada. Vivo na briga pelo título em ambas as competições, a mentalidade do elenco do Tricolor é apenas uma: fazer história.

“Avalio nossa temporada como uma temporada incrível, por tudo que a gente tem passado. Por temos conseguido chegar na semifinal da Copa do Brasil, algo que nunca tinha acontecido na história do clube ainda. Pelo fato de estarmos brigando pelo acesso (à série A) e também pelo título. A sensação de poder viver um ano incrível é inexplicável, um ano mágico na história do clube. Só que a gente quer mais e mais. Vamos em busca, ainda falta muita coisa para realizarmos esse sonho que temos de levantar títulos. Estamos em busca de grandes objetivos para coroar essa temporada como a melhor da história do América-MG”, resumiu o atacante.

Após desbancar o Corinthians nas Oitavas de Final e o Internacional nas Quartas de Final, o América-MG chega com a moral elevada para as semifinais do torneio. Mas do outro lado, está a também poderosa equipe do Palmeiras. Portanto, o discurso que prevalece  no time do Coelho é uma mescla de respeito pelo rival e confiança para ir ainda mais adiante na Copa do Brasil.

“A expectativa é muito grande em cima desse jogo, mas com muita cautela, muita tranquilidade, respeitando muito a equipe do Palmeiras. A classificação contra o Inter no elevou à um patamar diferente dentro da competição. Há muito tempo não acontecia de um clube da série B chegar na semifinal da competição. Mas a gente está com os pés no chão, com muita humildade. Mas também com a expectativa grande de fazer dois bons jogos e, se for da vontade de Deus, a gente conseguir a classificação. Sabemos que não vai ser fácil, mas se chegamos até aqui tudo é possível”, concluiu Ademir.

Ademir em ação contra o Internacional, pelas Quartas de Final da Copa do Brasil
Créditos: Mourão Panda / América

O jogo de ida do confronto será disputado nesta quarta-feira (23), às 21h30, no Allianz Parque, em São Paulo. Uma semana depois, no dia 30/12, as equipes medem forças no mesmo horário pela partida de volta – desta vez com sede no Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG).