Formada nas divisões de base do Grêmio, dupla comanda o Tricolor no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil
Deve haver algo de especial na terra de Eldorado do Sul. Poucos lugares no mundo produzem, em tanta quantidade, meio-campistas tão bons quanto os das categorias de base do Grêmio. Como os próprios jovens falam, o futuro e o presente do time "é us guri". A vitória desta quarta-feira sobre o Athletico-PR é mais uma obra de dois grandes meias revelados pelo Tricolor. O 2 a 0 na Arena tem todas as digitais de Jean Pyerre e Matheus Henrique.
Desde o início do jogo, o Grêmio deu sinais de que estava disposto a controlar a partida. E sabia que, para isso, precisava dominar o meio-campo. A tarefa não era fácil, já que o Athletico tinha o talento de Bruno Guimarães e a liderança de Lucho González no setor. Mas o Tricolor conseguiu se impor.
Muito ligado na partida, Matheus Henrique foi uma espécie de motor do time da casa. Aparecia tanto para recuperar a bola quanto para promover o controle da mesma, com passes e dribles. Com a passada mais larga, Jean Pyerre fazia inversões, arriscava chutes e lançamentos e, quando o Athletico tentava sair jogando, subia para pressionar na marcação.
Dono do meio-campo, Matheus Henrique foi peça-chave na vitória do Grêmio
Créditos: Pedro H. Tesch/AGIF
Quando precisaram ir à frente, os dois foram decisivos. Na jogada do primeiro gol, a bola é recuperada após combate de Jean Pyerre. Ele estica para Matheus, que conduz, limpa a marcação e coloca nos pés de Everton. A essa altura, o Cebolinha já tinha trocado de lado algumas vezes com Alisson, o outro ponta do Grêmio na partida. Pela esquerda, seu lado preferido, o atacante teve toda a liberdade para fazer o que faz de melhor: decidir. Com precisão cirúrgica, cruzou na cabeça de André, que abriu o placar.
O Athletico tentou reagir, mas a falta de domínio do meio-campo fazia o Furacão sair de seu próprio jogo. O time de Tiago Nunes está acostumado a atuar com a bola nos pés, tentando frear o adversário através da própria posse. Mas sem conseguir ocupar a faixa central, precisou recorrer a ligações diretas e jogadas mais agudas.
No segundo tempo, com o Grêmio um pouco mais cansado, o Rubro-negro se soltou. Quando os paranaenses começaram a assustar os donos da casa, o técnico Renato Portaluppi mudou o cenário do jogo. Acionou Diego Tardelli, que entrou no lugar de André. Mais móvel, o atacante pressionou desenfreadamente a saída de bola do Athletico e recolocou o Grêmio no controle. Recuperando a bola mais rapidamente, o Tricolor voltou a criar oportunidades através de sua talentosa dupla de meias.
O domínio gerou o segundo gol da partida. Everton recebeu a bola na entrada da área, passou por dois e foi derrubado. A falta, que já era perigosíssima, ficou para a cobrança de Jean Pyerre. Como numa tacada de sinuca, o guri deu um tapa por fora da barreira, sem chances para o goleiro Santos. Foi a pá de cal nas pretensões do Athletico.
Substituído para a entrada de Thaciano, Jean Pyerre foi aplaudido de pé pela Arena do Grêmio. Matheus Henrique jogou a partida inteira e foi premiado com o troféu de Craque do Jogo, pela Copa do Brasil. O prêmio é dado por votação popular nas redes sociais.
Com a vantagem de 2 a 0 e o talento de Matheus Henrique e Jean Pyerre, o Grêmio visita o Athletico-PR no dia 4 de setembro, na Arena da Baixada, pelo jogo da volta.
Jean Pyerre voa para comemorar o seu gol de falta
Créditos: Pedro H. Tesch/AGIF