Quando o técnico Tite chamou Luis Ramírez para entrar em campo contra o Tolima, na Libertadores de 2011, o meia viu uma nova oportunidade surgir. Aquele era apenas seu segundo jogo com a camisa do Corinthians, dias depois de marcar um golaço na estreia pelo clube. Momentos após entrar, porém, o peruano acertou uma cotovelada em Chará e terminou expulso de campo. Naquela noite, o Timão foi eliminado do torneio continental ainda na primeira fase - e o ambiente poderia facilmente ter se tornado insustentável para “Cachito”.

Alguns meses depois, porém, veio a redenção. Foi dos pés de Ramírez que saiu o gol contra o Ceará, no Campeonato Brasileiro daquele mesmo ano. A vitória por 1 a 0 garantiu a liderança isolada do Corinthians na tabela e encaminhou o título do Alvinegro.

O confronto dos clubes alvinegros se repete nesta quarta-feira (3) - desta vez pela Copa do Brasil de 2019, em duelo da terceira fase, às 21h30. A reportagem da CBF conversou com Cachito, atualmente do Alianza Lima (PER), que falou sobre sua passagem pelo Timão, o gol heroico no Brasileirão e até mesmo a Copa América 2019.

“Senti que o céu estava caindo em cima de mim”

O cartão vermelho na Colômbia trouxe momentos de insegurança a Cachito, que ainda tentava reivindicar seu espaço no elenco do Timão. Ramírez revelou ter sentido a pressão pela expulsão, mas atribuiu sua volta por cima  - e a chance de marcar contra o Ceará, em novembro de 2011 - à confiança que recebeu dos parceiros no Corinthians.

- O que aconteceu contra o Tolima foi bem difícil pra mim e para todo o clube. Eu estava chegando, novo, aguardando minha oportunidade. Era um clube com Ronaldo, Roberto Carlos, muitas expectativas e ambições por títulos. Naquele momento, senti que o céu estava caindo em cima de mim. Felizmente, tive o respaldo dos meus companheiros. São umas coisas que acontecem na vida, né? Se tivessem me mandado embora naquele momento, sei lá o que teria acontecido contra o Ceará. Graças a Deus a história está escrita e tivemos um final feliz - disse Luis Ramírez.

O gol heroico contra o Ceará

Cachito marcou gol do triunfo do Corinthians por 1 a 0 sobre o Ceará, na 35ª rodada do Brasileirão 2011
Créditos: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

No duelo contra o Ceará, Cachito começou no banco e entrou no decorrer do jogo, na vaga de Danilo. A escolha e confiança de Tite, desta vez, surtiram um efeito positivo: o peruano balançou as redes aos 35 minutos do segundo tempo, logo após receber lançamento de Ralf e se livrar da marcação pela esquerda. O gol garantiu o triunfo do Corinthians por 1 a 0 e colocou o Timão na liderança com 64 pontos, dois à frente do Vasco. A diferença se manteve até o fim do Brasileirão: o clube alvinegro foi campeão com 71 pontos; os cariocas ficaram com o segundo lugar com 69.

Ramírez garante que, no momento em que tudo aconteceu, não conseguiu mensurar a importância de seu gol para os alvinegros. A ficha só caiu para o peruano no dia seguinte, quando o meia viu a repercussão da vitória do Corinthians na imprensa.

- Quando entro no campo só quero ajudar o clube, o elenco, o treinador e meus companheiros. Quando o Tite disse que eu ia entrar, (era) para mostrar trabalho. Tentei fazer o melhor. Felizmente, graças a Deus, pude fazer o gol. Depois disso, no dia seguinte, assistindo à televisão e vendo os jornais, é que fui tomando ciência da magnitude do que fizemos. Mas na hora, a gente só quer ajudar. Depois as coisas acontecem. Me ajudou a entrar no coração dos torcedores do Corinthians - completou Luis.

Veja mais: Confira a tabela completa da Copa do Brasil 2019

Atualmente, Luis Ramírez atua pelo Alianza Lima (PER), mas mantém ligação com o Corinthians
Créditos: Arquivo pessoal

Duelo da Copa do Brasil será nesta quarta-feira

Corinthians e Ceará se enfrentam nesta quarta-feira (3), às 21h30, em partida válida pela terceira fase da Copa do Brasil 2019. O confronto, que será na Arena Corinthians, terá transmissão da Globo e do SporTV. Rafael Traci comanda o trio de arbitragem, assistido por Henrique Neu Ribeiro e Thiaggo Americano Labes, todos de Santa Catarina.

Outros tópicos da entrevista com Luis “Cachito” Ramírez

- Qual sua lembrança favorita do trabalho com Tite?

Tite é um técnico top, A1 no mundo. Líder natural, pessoa do bem, muito inteligente. Tenho lembranças de que ele sempre foi muito competitivo e transmitia isso para nós, essa competitividade no dia a dia. Na medida que cada um potencializasse suas competências, a equipe seria mais competitiva

- Você acha que merecia ter recebido mais destaque? Se pudesse, mudaria algo em sua passagem pelo Corinthians?

O mais importante é que fui feliz no Corinthians, o tempo todo. Curti o futebol, recebi o carinho da torcida. Dei tudo o que tinha pra dar, a cada treino, a cada jogo. Infelizmente, em alguns momentos em que estava tentando me firmar, tive alguma lesão. São acidentes do futebol, mas não tenho nada que cobrar a ninguém. Aprendi muito! O principal é que fui feliz e dei felicidade ao clube.

Ronaldo era um dos companheiros de Luis Ramírez no elenco do Corinthians
Créditos: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

- Mesmo atuando no Peru, você ainda acompanha o Corinthians? Como é sua relação com a torcida?

Tenho um carinho especial, sou corinthiano. Acompanho o Cássio, sei que o Emerson Sheik está no departamento de futebol. Estou sempre na torcida pelo sucesso do clube. Com a torcida, tenho um 'feeling' especial. Eles têm um carinho por mim, também adoro eles. Acho que, no mundo inteiro, não existe uma torcida tão apaixonada quanto "o bando de loucos". Um abraço especial para o Andrés e o Duílio, que voltaram para a diretoria. Desejo muito sucesso a todos.

- Expectativas para Brasil x Peru, na Copa América?

Que seja principalmente um bom jogo, um espetáculo para os espectadores. Meu desejo é que o país seja o vencedor, vamos sempre torcer. Gostaria de ir (ao Brasil) assistir, mas preciso ver o calendário, meus compromissos com o Alianza Lima. Quem sabe, né? Às vezes a gente dá um pulo em São Paulo para assistir ao jogo.