Arte: Luciano Freitas

O atacante recebe o passe, se direciona à área e se prepara para arriscar o chute. Contudo, em um olhar de relance, o jogador percebe quem o espera dentro da área do Atlético-MG: Léo Silva e Réver. A dupla, que divide o status de capitão alvinegro, fez história no Galo e entrou para o hall da fama do clube como uma das parcerias de maior sucesso em Minas Gerais. No Campeonato Brasileiro, os dois "rivalizam" pelo posto de maior zagueiro-artilheiro do torneio: Léo tem 32 gols marcados na competição, enquanto Réver balançou as redes 31 vezes.

Campeões da Libertadores em 2013, os zagueiros deram início à aclamada dupla em 2011. Réver não se lembra exatamente do primeiro jogo exato ao lado de Léo. Mas frisou que "a química aconteceu aos poucos". De lá para cá, os dois marcaram época no Galo, mas tomaram rumos diferentes por alguns anos: Leonardo Silva permaneceu no clube mineiro, enquanto Réver passou por Internacional e Flamengo. Em 2019, os zagueiros se reencontraram para uma última atuação em conjunto no Campeonato Brasileiro.

- Foi muito legal poder reencontrar o Leonardo Silva, ainda mais vestindo a camisa do Atlético-MG, que foi onde tivemos importantes conquistas. Além de um excelente jogador, é um amigo que eu fiz no futebol. Os grandes títulos, as convocações para a Seleção Brasileira, tudo isso aconteceu vestindo a camisa do Galo. Sou muito grato ao clube e por isso retornei. Nesse novo ciclo, senti ainda mais o carinho e o respeito da torcida. Aqui me sinto em casa - disse Réver.

Capitania dividida

Se a responsabilidade de liderar o Atlético-MG é grande, não há problema: tanto Léo quanto Réver dão conta do recado. Não à toa, é comum que as pessoas se refiram aos dois zagueiros como capitães compartilhados no Galo. Foi Réver quem levantou a taça de campeão da Libertadores de 2013 - mas não haveria troféu para erguer se não fosse o gol de Léo Silva contra o Olimpia, que igualou o placar agregado e levou a final aos pênaltis.

- Mundialmente falando, todos os clubes têm dois ou três capitães. Às vezes mais, onde esta responsabilidade é dividida. Eu acho importante! É necessário este compartilhamento de responsabilidades - analisou Léo.

E se os deveres são divididos, a glória também é. Réver lembra com carinho das taças de 2013 e da Copa do Brasil de 2014, o primeiro título do Atlético-MG no torneio nacional. Nesta conquista, o zagueiro já não estava mais no Galo, mas coube ao seu eterno parceiro levantar o caneco de campeão.

- Ser capitão do Atlético é uma responsabilidade muito grande. Essa função eu tento fazer da melhor maneira possível, pela minha liderança e pela história que tenho dentro do clube. E com o Léo é a mesma coisa. Eu levantei a taça da Libertadores de 2013 e ele a taça da Copa do Brasil de 2014. Acho que somos pé quente! (risos) - completou o zagueiro atleticano.

Zagueiros, artilheiros e “rivais”

Réver e Leonardo Silva: os zagueiros-artilheiros do Campeonato Brasileiro
Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG

Há uma outra curiosidade que une Réver e Léo, além da já conhecida parceria na zaga do Atlético-MG. Ambos os jogadores se destacaram no Campeonato Brasileiro pelo número de gols feitos. O desempenho notável estufando as redes coloca os dois em uma briga saudável: quem entrará para a história como o maior zagueiro-artilheiro do Brasileirão?

Neste momento, é Leonardo Silva que está em vantagem: o camisa 3 do Atlético-MG já fez 32 gols no torneio nacional e lidera o quesito, mas já anunciou que irá pendurar as chuteiras no Atlético-MG no final de 2019. Réver vem logo atrás, com 31 gols marcados na elite do futebol brasileiro. A diferença de cinco anos de idade entre os dois (Léo tem 39, Réver tem 34) é apontada como diferencial na disputa por Léo. 

- Meu contrato será estendido até dezembro. Era um desejo meu também, fico feliz em poder realizá-lo. Essa possibilidade pós-carreira está sendo trabalhada com uma permanência no próprio clube. É uma disputa sadia, e que hoje acontecerá jogando juntos. Acredito que o Réver, por ser mais jovem, assumirá o posto - analisou Leonardo Silva.

Mesmo elogiando muito o parceiro, Rever também acredita que possa ultrapassar o Leonardo Silva nessa disputa.

- É uma estatística interessante, mas a gente brinca muito sobre isso. Já falei com o Léo que nestes quatro anos que eu estive fora eu deixei ele abrir vantagem, mas agora eu voltei pra pegar ele! (risos). Brincadeiras à parte, o Léo é um dos melhores cabeceadores com quem eu já joguei. Não só pela altura, mas pela impulsão e posicionamento também. O importante é a gente continuar ajudando o ataque com gols decisivos. Tenho mais tempo de contrato e quem sabe eu ainda chego no número dele! - declarou Réver.

Os números da dupla

Réver e Leonardo Silva atuaram juntos em 105 jogos, sendo 71 deles pelo Campeonato Brasileiro, quatro pela Copa do Brasil e 13 pelo Campeonato Mineiro.  Foi em meio à parceria que os zagueiros marcaram parte de seus gols na elite do futebol nacional: atuando ao lado de Léo, Réver marcou 13 de seus 31 gols no Brasileirão. Já Léo marcou 12 de seus 32 gols quando esteve ao lado de Réver na zaga do Atlético-MG.