Arte por Luciano Freitas

O vestiário está pronto. Na caixa de som, um pagode rola solto. Alguns jogadores brincam, outros estão mais sérios. O jogo do Santos começa em pouco mais de uma hora e cada um repete seu ritual. Em seu canto, mais discreto, está Carlos Sánchez e sua garrafa de mate. O uruguaio ainda se adapta ao futebol brasileiro, e tem no chá uma forte lembrança de seu país natal. Mas o futebol é uma língua universal e a bola tem feito ele se dar muito bem em sua nova casa, o Santos. Mesmo que as palavras ainda saiam enroladas em português.

- O Santos me impressionou muito. Eu não conhecia tanto o futebol brasileiro. Chegar (a um lugar novo) é sempre uma incógnita. É claro que sempre esperamos que a mudança seja para melhor, e a verdade é que foi muito bom.

Volante, meia e tradutor

Os resultados dessa adaptação têm aparecido dentro de campo. Desde que chegou ao Peixe, Sánchez se tornou peça fundamental na equipe. Assim que foi contratado, durante o Brasileirão de 2018, levantou o futebol do Santos. Recebeu a confiança do técnico Cuca e foi titular logo em seu primeiro jogo. Uma condição que não mudou desde então.

 

"Jogar no Santos para mim é o máximo. É um sonho realizado"

 

Após o afastamento do treinador, o argentino Jorge Sampaoli foi contratado para comandar o Santos. Uma mudança que deixou as coisas um pouco mais fáceis para Sánchez. Mais do que isso, ele viu o jogo se inverter. Do meia estrangeiro que mal conseguia arriscar o seu portunhol, ele passou a ser um dos principais interlocutores entre Sampaoli e o resto do elenco.

- O fato do Sampaoli falar o mesmo idioma que eu tem me ajudado bastante, mais do que se fosse um companheiro em si. Funciona porque as coisas ficam claras, o que ele prefere. A verdade é que é importante, porque para mim é bem fácil entender o que ele quer  e posso ajudar os companheiros a entendê-lo também. 

Futebol brasileiro: um sonho do "Pato"

Muito orgulhoso de sua origem, Sánchez admite que ainda não incorporou nenhum grande hábito brasileiro à sua rotina. Pelo menos fora de campo. Além do mate, companheiro de todas as horas, trouxe do Uruguai o próprio apelido: "El Pato". A explicação é bem simples. Seu irmão mais velho tinha o apelido de Pato. Quando Sánchez começou no futebol, foi sendo chamado de "Patito" até que, com o sucesso, foi abandonando o diminutivo e virou El Pato.

Carlos Sánchez rapidamente caiu nas graças da torcida do Santos
Créditos: Ivan Storti/Santos FC

Se fora de campo Carlos Sánchez tenta se adaptar ao estilo brasileiro, dentro dele, tudo tem sido mais fácil. O uruguaio tem entendido, cada vez mais, como funciona o nosso futebol. Atuar no Brasil, aliás, sempre foi uma ambição para sua carreira. Quase um ano depois de se transferir para o Santos, El Pato não se arrepende nem um pouco dessa decisão.

- Jogar no Santos para mim é o máximo. É um sonho realizado. Sempre admirei, e fui fã do futebol brasileiro e vir jogar aqui é maravilhoso. O Brasileirão é muito bonito de se jogar. Temos que dar o máximo em cada jogo, sempre com a ideia fixa de ser campeão - concluiu