Análise Tática: especialista desvenda o elenco versátil do Avaí-Kindermann

Análise Tática: especialista desvenda o elenco versátil do Avaí-Kindermann

Comentarista das transmissões oficiais do Brasileiro Feminino A-1 pelo Twitter, Felipe Rolim analisa as virtudes que o técnico Jorge Barcellos desempenha no elenco curto à disposição.

Análise Tática: especialista destrincha modelo de jogo do Avaí/Kindermann às vésperas da final do Brasileiro A-1 Análise Tática: especialista destrincha modelo de jogo do Avaí/Kindermann às vésperas da final do Brasileiro A-1
Créditos: Thaís Magalhães/CBF

Depois do empate sem gols no primeiro jogo da final do Brasileirão Feminino A-1, o Avaí-Kindermann se prepara para o último desafio, marcado para domingo (6), às 20h, na Neo Química Arena, em São Paulo. Para se sair melhor em campo, o técnico Jorge Barcellos vai precisar moldar o estilo de jogo em função do adversário, uma característica bastante utilizada nesta temporada. Para destrinchar o esquema tático usado pelo clube catarinense, o site da CBF conversou com o especialista Felipe Rolim.

Comentarista das transmissões oficiais do Brasileiro Feminino pelo Twitter e analista de desempenho do Nova Iguaçu Sub-20, Felipe acompanhou a organização de jogo do Avaí-Kindermann com um ataque sem uma centroavante fixa e com roubadas de bola. Felipe ainda destacou a versatilidade das jogadoras como um trunfo devido ao elenco limitado que Jorge Barcellos tem à disposição.

Esquema tático

O Avaí-Kindermann adota o esquema 4-3-3 na maioria dos jogos, podendo atuar em um 4-4-2, sem ter um meio-campo em linha. Segundo Rolim, as catarinenses se desorganizam em função do adversário e posicionam a jogadora perto da bola com o objetivo de abafar o lance e impedir que a bola seja invertida. Por ser um time com um elenco curto, aposta na versatilidade das jogadoras, rodando o elenco em várias funções ao longo da temporada. Por causa disso, não existe uma escalação fixa nas Leoas, mas existem atletas que sempre aparecem: Bruna Calderan, Tuani, Simeia, Camila, Duda, Júlia Bianchi, Zoio, Lelê, Catyellen e Pat.

“Para causar dano no Avaí-Kindermann, é preciso jogar invertendo a bola, porque vai fazer todo mundo correr para um lado e para o outro. O time joga com uma sobrecarga de jogadoras sempre no setor onde está acontecendo a jogada para conseguir a bola para si o mais rápido possível. A diferença para o Corinthians é que o Kindermann pega a bola, rouba e gosta de atacar o espaço porque tem jogadoras para isso. No ataque, tem a Catyellen e a Lelê e a Duda ou a Júlia Bianchi entrando por dentro, pela faixa central, mas não como atacantes. A Duda é atacante de origem, mas tem jogado um pouco mais recuada pela qualidade e também pelo elenco reduzido”, comentou Felipe.

Jogo de ida da final do Brasileirão Feminino A-1 2020 - Avaí-Kindermann x Corinthians Duda em ação no jogo de ida da final do Brasileiro Feminino A-1 2020
Créditos: Thais Magalhães/CBF

Versatilidade

A inovação no elenco do Avaí-Kindermann surgiu pela necessidade, já que a equipe tem um banco de reservas limitado. As jogadoras de qualidade são fundamentais para este processo. Felipe cita alguns exemplos como Bruna Calderan, lateral direita de origem, mas que já atuou nas quatro bordas do campo. Com o desempenho multifacetado, Jorge Barcellos pôde utilizar jogadoras diferentes e dar descanso para outras. De acordo com o especialista, o time tem algumas atrações não tão visíveis de primeira, mas que estão se desdobrando em funções e posições totalmente diferentes no campeonato e também ao longo da própria carreira. 

“A Duda surgiu no ataque e, hoje, ocupa posição na última linha ou um pouco mais no meio-campo e, até mesmo atrás da Julia Bianchi, mais perto das volantes Tuani e da Pat. Isso acontece por ser uma jogadora que tem facilidade de associar as jogadas, de jogar de costas e também entregar a bola, ir buscar perto, às vezes, fazer uma lateral quando as laterais sobem. Outra jogadora que também já fez todas as funções do meio para trás foi a Camila e que, não por acaso, apareceu na Seleção Brasileira, não só pela necessidade da Pia de ter um banco versátil até porque vai ter que encarar competições que não poderá levar 22 atletas. Por escassez de peças, o time tem o dedo do Jorge Barcellos para se adequar às situações e posições distintas. ,” citou o analista.

Defesa consistente e evolução no ataque

Jorge Barcellos chegou ao clube em 2017 e as características das atletas combinaram com a maneira que o técnico está habituado a trabalhar. Seus grupos têm muita pegada e são de muita intensidade, até mesmo reativo e atuando muito sem a bola. Este ano, ele conseguiu montar um time mais plástico, mais estético e tudo isso sem abandonar a marca registrada do Avaí-Kindermann, que é ser um time complicado. No ano passado, as catarinenses foram as terceiras na fase classificatória e, mesmo não marcando tantos gols como Corinthians e Santos, conseguia evitar o vazamento da defesa.

“O Kindermann não era uma equipe que fazia muito gol, enquanto os outros dois (Corinthians e Santos) brigavam para ver quem fazia 50 gols primeiro. Mas, em compensação, não tomava. Era um desespero fazer gol nelas pelo jeito do time jogar, por ter a goleira da Seleção, Bárbara, e pela intensidade que o Jorge colocava no jogo. Esse ano, além de manter uma defesa forte, de marcação pesada, é um time que está fazendo muito gol. Um time que tem a Catyellen entre as artilheiras, a Duda entre as assistentes do campeonato. Um time que veio mais forte ainda para 2020”, disse.

Jogo de ida da final do Brasileirão Feminino A-1 2020 - Avaí-Kindermann x Corinthians Bárbara fechou o gol no primeiro jogo da final do Brasileiro Feminino A-1
Créditos: Mariana Sá/CBF

Sem a bola

Nos momentos sem a bola, o Avaí-Kindermann se organiza para fazer pressão no desejo de recuperar a bola na faixa do meio de campo para conseguir correr e ter espaço para a velocidade. Felipe Rolim o classifica como um time que sabe fazer pressão, mas não alta como o adversário da final, com organização na faixa média do campo para que o rival não jogue por dentro.

“Mas ele quer pegar a bola na faixa do meio de campo para correr, para ter espaço para velocidade da Lelê, da Cat, da Duda, da Bruna que sobe demais. Na faixa média do campo, o Avaí-Kindermann fecha sua três jogadoras e alternam suas posições. Você não consegue ver que é a volante central, quem atua pelo lado direito ou esquerdo porque elas estão muito juntas perto da bola e no começo da organização ofensiva do campo adversário e tentam empurrar o adversário para o lateral. Empurrou para a lateral,junta para fazer superioridade, abafar e não deixar o adversário virar o jogo e roubar a bola. Ao conseguir, o foco é tirar a bola dessa zona de pressão e começar a trabalhar com passe longo para achar uma meia e ela dominar e lançar para a atacante correr”, finalizou.

No domingo,  Avaí-Kindermann e Corinthians ficarão frente a frente novamente para decidir quem levanta o troféu do Brasileiro Feminino A-1.O empate não interessa para ninguém. Para ficar por dentro do esquema de jogo da equipe paulista, basta clicar aqui.

Avaí/Kindermann e Corinthians começaram neste domingo a disputa pela taça do Brasileiro Feminino A-1 2020 Avaí-Kindermann no jogo de ida da final do Brasileiro Feminino A-1
Créditos: R.Pierre/AGIF

PATROCINADORES

Futebol Brasileiro Nike Guaraná Antartica Vivo Itaú Neoenergia Mastercard Gol Cimed Pague Menos TCL Semo Technogym Core Laser Mectronic Kin Analytics