CBF regulamenta futebol misto no país

CBF regulamenta futebol misto no país

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, institui mecanismo para promover a igualdade de oportunidade no futebol

Meninas e Meninos participam de Festival do futebol Meninas e Meninos participam de Festival do futebol
Créditos: Ricardo Duarte/CBF

8 de março, Dia Internacional da Mulher, símbolo da luta histórica das mulheres pela equiparação de direitos e de celebração das transformações na sociedade. Neste ano, a data se transforma num marco em prol da inclusão e rumo à igualdade de gênero no futebol brasileiro. A partir de hoje, as competições amadoras podem ser mistas no Brasil.

Isto significa que as atletas poderão fazer parte de equipes masculinas e que equipes exclusivamente femininas poderão participar de competições masculinas, a critério de cada entidade organizadora. A nova regra poderá ser aplicada em todas as categorias, da iniciação esportiva ao futebol amador adulto.

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, assina regulamentação do futebol misto Presidente Ednaldo Rodrigues com as colaboradoras da CBF
Créditos: Rafael Ribeiro/CBF

“Com esta mudança, pretendemos democratizar e massificar a prática do futebol pelas atletas, removendo barreiras para o surgimento e o desenvolvimento de novos talentos. A CBF tem investido muito nas Seleções e nas competições femininas de alto rendimento, que contam hoje com um calendário de competições nacionais a partir da categoria Sub-17. O topo da pirâmide está relativamente bem estruturado, mas assentado sobre uma base frágil”, afirmou o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que assinou a regulamentação nesta quarta-feira por meio de uma Resolução da Presidência.

“É importante destacar que o futebol misto trabalha com a massificação e a inclusão. Faltam equipes e, sobretudo, competições amadoras em nível local e regional nas primeiras categorias de iniciação e formação desportiva, como a Sub-10, Sub-12, Sub-14. Acredito firmemente que a regulamentação do futebol misto ajudará a corrigir este problema, incentivando a participação de milhares de jogadoras em equipes e competições mistas. Com o tempo, o aumento no número de atletas registradas também poderá levar à criação de equipes e competições exclusivamente femininas nas categorias mais jovens”, acrescentou o dirigente.

Destaca-se, no entanto, que o futebol feminino permanece exclusivo às atletas femininas, e que a organização de equipes e de competições femininas, de forma dedicada, continuará a ser incentivada pela CBF e pelas Federações filiadas.

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, assina regulamentação do futebol misto Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, assina regulamentação do futebol misto
Créditos: Rafael Ribeiro / CBF

BASTA DE PRECONCEITO

A técnica da Seleção Brasileira Feminina de futebol, Pia Sundhage, aprovou a iniciativa da CBF. Ela classificou como "fantástica" a adoção do futebol misto no país.

"Eu tive sorte porque quando eu era pequena, eu jogava futebol misto ao lado de meninos. Isso não tem nada a ver com meninos ou meninas, e, sim, com o futebol. Se nós conseguirmos criar espaços onde se pratica o futebol, não importa se é uma menina ou menino. É uma oportunidade muito grande para todos nós que jogamos futebol", parabenizou Pia.

 

A regulamentação do futebol misto visa reparar a injustiça histórica cometida contra o futebol das mulheres, que teve a prática proibida no Brasil por longos 38 anos durante o Século XX e que, mesmo após a revogação da proibição, continuou a sofrer com a discriminação e a falta de incentivos.

A mudança representa também uma homenagem, um tributo a gerações de mulheres, que mesmo diante de tantas dificuldades, como a proibição e o preconceito, desafiaram os costumes da época e ousaram praticar o futebol, jogando de forma clandestina e, em muitos casos, em meio aos homens. Deste ambiente, de prática mista informal do futebol, surgiram craques que fizeram parte da história do futebol feminino e da Seleção Brasileira, como Sissi, Michael Jackson, Pia Sundhage, Formiga e Marta.

A regulamentação do futebol misto já é uma realidade em muitos países, como França e Alemanha. Na Inglaterra, atletas de ambos os sexos podem jogar juntos até a categoria Sub-18, enquanto na Holanda e na Dinamarca não existem restrições de idade.

CBF INSTITUI DISPENSA ETÁRIA

Além de oficializar a prática do futebol misto em competições de caráter amador, a CBF inovou ao instituir o “Mecanismo de Dispensa Etária do Futebol Misto” (MDE).

Por meio deste instrumento, atletas e equipes femininas de uma determinada categoria poderão participar de competições mistas em uma faixa etária inferior. Por exemplo, meninas com até 17 anos (Sub-17) podem ser autorizadas a participar de competições mistas, com meninos de até 13 anos (Sub-13), a critério da entidade organizadora que utilizar o MEC como referência no regulamento específico de suas competições.

A implementação do mecanismo tem o objetivo de promover a igualdade de oportunidades para as jovens atletas, compensando diferenças no desempenho inerentes ao processo de maturação biológica e às especificidades de cada sexo, especialmente com o início da puberdade.

A partir de agora, a CBF fará campanha pela adoção do futebol misto e do mecanismo de dispensa etária nas competições organizadas pelas Federações filiadas e ligas amadoras, assim como por todos os entes governamentais, como, por exemplo, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e de Esporte, os gestores de escolas públicas e privadas e os organizadores de competições amadoras no âmbito do desporto educacional e de participação.

E, parabenizando todas as meninas e mulheres pela data simbólica, a CBF reforça mais uma vez que o lugar da mulher, no futebol e na sociedade, é onde ela quiser.

Dia Internacional da Mulher: Lugar de Mulher é onde ela quiser jogar Dia Internacional da Mulher: Lugar de Mulher é onde ela quiser jogar
Créditos: Arte: Júnior Souza


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