Mais experientes da Turma 12 do Curso do VAR, Heber Roberto Lopes e André Castro comentam a transição do campo para o árbitro de vídeo
Existem poucas coisas que Heber Roberto Lopes ainda não viu dentro de um campo de futebol. Árbitro mais experiente do quadro da CBF, já apitou 338 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro. E agora se prepara para mais uma novidade: o árbitro de vídeo (VAR). Do alto de seus 46 anos, o paranaense vê no VAR uma alternativa para continuar contribuindo com sua experiência, mesmo que um dia chegue a hora de "pendurar o apito".
— É uma maneira de você continuar trabalhando. Até pela parte física, os mais experientes podem não ter êxito na prova física. Trabalhando exclusivamente com o árbitro de vídeo, ele terá a possibilidade de passar a experiência, trabalhando com árbitros mais jovens. E também desenvolver essa nova ferramenta — disse.
Quem também tem muito tempo de estrada é o árbitro André Castro. De outra geração, o goiano ressaltou a importância da integração entre diferentes gerações de arbitragem, para facilitar o resultado final dentro de campo.
— Em 15, 20 anos, trabalhamos de uma forma. De uma hora para outra, temos que trocar o chip e se adaptar. Para nós da arbitragem, principalmente quem tem a idade mais avançada, é mais uma opção que nós temos para ajudar a trabalhar dentro do campo de jogo — destacou.
E quem já viu tanta coisa dentro de campo vai ganhar um amigo e tanto a partir deste ano. Ou melhor, vários amigos, com ângulos e visões diferentes, para ajudar na tomada de decisão. A pressão continua, mas o método de trabalho mudou bastante, desde que os mais veteranos começaram a apitar até os dias de hoje.
O número de jogos de Heber Roberto Lopes na primeira divisão já seriam impressionantes por si só. Mas um recorde está ao alcance do árbitro: se for escalado para mais 12 partidas do Brasileirão, igualará a marca histórica de Arnaldo Cezar Coelho, que arbitrou 350 jogos na Série A do Campeonato Brasileiro (mais do que qualquer outro).
Durante as conversas com o mais jovens, Heber Roberto Lopes conta histórias que deixam vários de olhos arregalados, de um tempo que a arbitragem não tinha rádio entre a equipe ou bandeira eletrônica. Quem dirá o VAR. Mas a modernização traz cada vez mais renovações, para minimizar o erro e dar mais justiça ao jogo.
Na própria estrutura do VAR, já é possível identificar a atuação de ex-árbitros de campo na supervisão, como os trabalhos de Alício Pena Júnior, Manoel Serapião e Nilson Monção. De uma forma ou de outra, a arbitragem brasileira só tem a agradecer pela experiência desses e de tantos árbitros, por um futebol melhor e mais justo. Agora, com a chegada do VAR, esse caminho tende a ficar ainda mais simples.